Na tentativa de tornar menos árduo o cumprimento da pena na Prisão Provisória de Curitiba (PPC), no Ahu, e na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara , alguns detentos estão contando com uma ajuda diferente. Através do trabalho voluntário da terapeuta floral Rosemary Eisenberg, pelo menos 200 homens estão ingerindo Florais de Bach, considerados complementos de energia que garantem o equilíbrio emocional. O sucesso da implantação da medicina alternativa nos presídios foi tamanho, que hoje 30 agentes penitenciários também estão participando do programa.
Formada há 17 anos, Rosemary implantou o tratamento com florais na CPA há um ano e meio, custeando todas as despesas. Os resultados positivos animaram o governo, que há dois meses passou a destinar verba ao programa, que hoje começa a ser implantado também na CPA. Segundo a terapeuta, o método consiste na manipulação de essências de plantas e florais, capazes de auxiliar na administração das pressões emocionais, como medo, incerteza, falta de interesse, solidão e desalento. A partir do diagnóstico dos detentos, Rosemary pode misturar até seis substâncias, cuja solução é ingerida pelo menos quatro vezes ao dia.
Tranqüilidade
O Conselho Regional de Medicina não reconhece o tratamento, uma vez que o método não é comprovado cientificamente. ?Os florais transmitem energia e cada essência difere-se pela cor de sua aura?, explica Rosemary. Apesar das contradições, o método tem surtido resultados visíveis, de acordo com ela. A insônia, provocada pela preocupação dos presos com a família e com o desenrolar do processo judicial; a ansiedade, causada pela privação da liberdade; a dificuldade no aprendizado, fruto do uso abusivo de drogas, e a abstinência dos entorpecentes são alguns dos problemas que foram amenizados com a medicina alternativa. No final do ano passado, quando a terapeuta suspendeu o trabalho por falta de recursos, os chefes de segurança chegaram a pedir para que ela voltasse, uma vez que os presos voltaram a sentir os sintomas.
Além dos presos, 30 agentes penitenciários participam do programa. ?O trabalho deles é envolto em pressão, tensão e estresse. Um dos agentes esteve presente em cinco rebeliões e o trauma que cada uma deixa é enorme. Agora, ele já está conseguindo dormir normalmente e são esses resultados que me estimulam a continuar o trabalho, mesmo sem ganhar nenhum valor financeiro por isso?, comemora a terapeuta que pretende estender o programa a todos os presídios, principalmente no Educandário São Francisco, que abriga adolescentes.
Resultados são satisfatórios
Condenados por assalto, Vilson Luiz de Lima, 26 anos, e Maurício Ubirajara Nascimento, 32, foram os primeiros detentos da Prisão Provisória de Curitiba (PPC) a iniciar o tratamento com Florais de Bach. Atualmente, eles estão recolhidos na Colônia Penal Agrícola (CPA), onde continuam a ingerir as essências, uma vez que os resultados foram bastante satisfatórios.
Segundo Vilson, condenado há 12 anos de prisão, ele tinha muitos problemas de aprendizado e ficava agoniado com medo de continuar detido, mesmo depois de cumprir a pena. ?Eu melhorei muito meu lado emocional. Sinto que melhorei nos estudos e estou muito mais tranqüilo. Não vejo a hora de sair daqui e mudar de vida. Provar, não para a sociedade, mas para mim mesmo que eu sou capaz?, diz ele.
A ansiedade causada pela privação de liberdade também vinha fazendo Maurício perder muitas noites de sono. Ele trabalhou durante 13 anos como motoboy até começar a ingerir álcool, maconha, cocaína e crack. A abstinência da droga o fez cometer um assalto que o levou à cadeia. Condenado há mais de seis anos, Maurício foi abandonado pela esposa e entrou em depressão. ?Não tinha ânimo para estudar e trabalhar. Depois do tratamento recuperei a vontade e agora trabalho na cozinha do presídio e estou muito melhor. Espero continuar o tratamento depois de sair daqui?, finalizou.
O programa está começando a ser implantado na CPA e já estão agendados 15 detentos para as primeiras consultas.