Fios de cobre cobiçados por marginais

Bairros sem energia, sem luz e sem telefone. Isso é o que, de leve, acontece quando os cabos elétricos são furtados. De cobre ou alumínio, a subtração desses materiais pode trazer conseqüências ainda mais drásticas. Empresas e consumidores sofrem prejuízos e os ladrões podem até morrer eletrocutados. A prática tem diminuído, segundo o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Porém, está longe de acabar. Enquanto houver quem compre, haverá a prática. As investigações focam na receptação dos objetos de furto. Porém, a principal arma de combate a esse tipo de crime é a conscientização.

De acordo com o Cope, durante muito tempo o índice de furto de cabos de transmissão de energia elétrica e de telefonia permaneceu alto, em todo o Paraná. Até 2006, a quantidade de fios roubados era grande, mas, em 2007, reduziu. No ano passado, foram feitas 30 prisões e apreendidas 45 toneladas de fios de cobre e uma tonelada de fios de alumínio. ?Nosso trabalho tem o foco na receptação dos cabos roubados, mas combatendo esta consequentemente se combate o furto?, afirma o chefe do órgão, Miguel Stadler. Segundo ele, as operações de combate a essa prática foi intensificada exatamente para diminuir o índice, que era crescente.

De acordo com delegado operacional do Cope, Francisco Caricati, o furto e receptação dos cabos de energia é uma atividade migratória. Segundo ele, conforme se combate o crime em determinada região este começa a ser intensificado em outra. ?Se a gente abate na Região Metropolitana de Curitiba, migra para o interior do Estado. Se abatemos lá, eles migram para o Litoral. Isso acontece inclusive para os Estados vizinhos. Agora que intensificamos o trabalho sobre a receptação em todo o Estado, ao mesmo tempo, estourou no Rio Grande do Sul, onde o índice da atividade tem aumentado?, esclarece.

Ainda segundo os delegados do Cope, o destino final destes materiais furtados, algumas vezes, é a metalurgia. Na receptação desse material atuam algumas empresas de reciclagem e ferro velho, segundo eles, os ?sucateiros?. ?Não podemos generalizar, pois nem todos que estão no ramo são coniventes com esse crime, ou seja, compram material furtado. Apenas os não conscientes o fazem?, afirma Stadler.

O ?esquema?, como explicam, funciona da seguinte maneira: a pessoa furta os cabos e vende para um ?sucateiro? e este, por sua vez, vende a um segundo empresário do ramo que, geralmente, faz uma nota própria de entrada e de saída, quando repassa o produto para o destino final (indústria). O último é feito com notas, mas frias. ?Eles acompanham o mercado internacional. Se o preço do cobre e do alumínio aumenta, os furtos também se intensificam. Teoricamente é um comércio muito lucrativo, por isso permanece. O 1.º receptador chega a pegar o material a R$3,40 o quilo e vende por R$ 15 ou mais?, comenta.

?O receptador às vezes nega que o material adquirido seja de furto, dizem que não sabem, mas o que fazemos é recolher o material e mandar para análise?, afirma Caricati. Os delegados orientam que a população também pode ajudar no combate à essa atividade criminosa. ?Se alguém tiver informações sobre esse comércio ou sobre o furto, pode encaminhar denúncia (anônima) para o telefone (41) 3284-6562?, repassam.

Empresas confirmam redução nos furtos de cabos elétricos

As empresas de telefonia e energia confirmam a redução nos furtos dos cabos, crime com pena de um a quatro anos de reclusão. De acordo com a assessoria de imprensa da Brasil Telecom, ?ao longo de 2007, foram furtados 92 quilômetros em todo o Estado, uma redução de 53,7% se comparada a 2006?. Segundo a empresa, ?a Região Metropolitana de Curitiba é a mais visada: responde por aproximadamente metade do total de furtos do Estado?. Eles ainda afirmam que tomam uma série de medidas para combater os furtos ?agilizar os reparos e diminuir o impacto nos serviços prestados?. ?A Brasil Telecom instala alarmes nos cabos, faz a monitoração 24 horas pela sua Central de Segurança e mantém um disque-denúncia específico para o furto de cabos – 0800 41 0802?.

Segundo o assistente da diretoria de distribuição da Copel, Edson Benedito César, ?a atividade já foi maior, mas hoje está sob controle?. Ele ainda diz que além dos cabos, o que se rouba é também os transformadores, por isso são freqüentes os acidentes. ?Temos que alertar a população e até o ladrão que eles correm muito risco ao fazer isso. Energia é complicado, só quem entende de fato sabe disso?, comenta.

César afirma que o prejuízo não é tanto para empresa, mas para a comunidade que fica sem energia quando os materiais são furtados. ?As regiões onde isso mais acontece é o Norte Pioneiro, Paranaguá e Ponta Grossa. Orientamos que, se algum leitor ver alguém suspeito, mexendo na rede, pode avisar a Copel pelo 0800-5100116?, orienta. Além de substituir os fios subtraídos, a empresa toma o cuidado de não mais vender o material, quando substituído. Agora, os fios que não são usados pela Copel vão para a reciclagem. Isso, segundo ele, ajuda no combate ao crime. (NF)

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