Foto: Daniel Derevecki |
José Carlos (penúltimo da esquerda para a direita) era o líder. |
Dezessete pessoas foram presas durante a Operação Aurantium, deflagrada no início da manhã de ontem, por policiais do Departamento de Investigações Criminais (Deic), de Santa Catarina, e do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), do Paraná. Os detidos fazem parte de uma quadrilha acusada de lesar aposentados e, segundo a polícia, nos últimos cinco anos já teria roubado mais de R$ 20 milhões de vítimas espalhadas por todo o País. Dez criminosos foram presos no estado catarinense, enquanto que os demais foram detidos no Paraná, entre eles o líder da quadrilha, José Carlos Barreiros, 59 anos.
O delegado Ilson da Silva, diretor do Deic (SC), explicou que a operação teve início há cerca de cinco meses, principalmente em Florianópolis. De acordo com ele, os estelionatários persuadiam as vítimas a realizarem depósitos para que pudessem retirar dinheiro do antigo Fundo 157, criado pelo governo durante o período militar. ?Eles mantinham um cadastro das vítimas, com informações privilegiadas. Então as abordavam dizendo que elas tinham direito a sacar determinada quantia do fundo. Porém, para receber o dinheiro, os golpistas diziam que o interessado deveria fazer um depósito?, disse Ilson. O delegado afirmou que uma das vítimas chegou a depositar R$ 350 mil na conta da quadrilha. ?Assim que recebiam o valor, os estelionatários sumiam?, completou.
Para dar credibilidade ao golpe, a quadrilha mantinha um número de telefone, pelo qual as vítimas entravam em contato para confirmar a quantia a que teriam direito de sacar. Acreditando estar ligando para o Fundo 157, a pessoa era informada de que bastava fazer o pagamento numa determinada conta para que o dinheiro fosse liberado.
?Apuramos que o golpe já rendeu mais de R$ 20 milhões ao grupo, em cinco anos. Mas com a prisão deles, com certeza irão aparecer novas vítimas, que já são mais de cem?, ressaltou Ilson. A polícia acredita que o golpe tenha se espalhado para outros estados, por meio de novas quadrilhas. ?Eles transmitiam o conhecimento que tinham a outros grupos de diversos estados, que também passaram a realizar o golpe?, lamentou.
Prisão
O desfecho da operação aconteceu na manhã de ontem. No Paraná, onde o Deic recebeu o apoio de policiais do Nurce, foram presos, além de José Carlos Barreiros, Adão Bartolomeu Saraiva da Silva Martins, 61, Antônio Carlos Eggers, 51, Aparício Monteiro Fernandes, 41, Unírio Tadeu Eggers, 48, Antônio Carlos Paulino, 52 e Jeison dos Santos Paulino, 28. As prisões aconteceram em Curitiba, Colombo e São José dos Pinhais. Em Santa Catarina, onde foram detidas dez pessoas, a operação ocorreu nas cidades de Joaçaba, Florianópolis, Itajaí, Chapecó, Irani e Barra Velha. Segundo o diretor do Deic, foram presos todos os integrantes da quadrilha. Com o grupo, foi apreendido aproximadamente R$ 20 mil em dinheiro, além de cartões de crédito, armas e veículos.
Fundo 157
O fundo foi criado pelo governo militar em 1967 e durou até 1983. Era utilizado por pessoas que investiam 2% do imposto de renda declarado para comprar cotas. Após a extinção do fundo, muitos contribuintes esqueceram de retirar o dinheiro, que ficava aplicado num banco. Acredita-se que haja cerca de R$ 500 milhões, depositados em aproximadamente 3 milhões de contas, cujos saldos médios são de R$ 175.
Para solicitar o resgate, basta o investidor comparecer na instituição onde efetuou a aplicação e apresentar RG e CPF. Caso não saiba o nome do banco ou tenha depositado o dinheiro numa instituição que não existe mais, o contribuinte pode se informar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo telefone 0800-7260802.