Apanhado pela própria vítima, o camelô José Edimar do Nascimento, 40 anos, foi preso ontem de manhã, acusado de tentar aplicar um golpe com cartão de banco. Ele negou participação na prática do delito mas a sua versão foi desmentida horas mais tarde com a prisão de outros dois homens que faziam parte do grupo que aplicava o golpe.
A vítima, um técnico em eletrônica de 26 anos, contou que foi efetuar um saque no caixa eletrônico do HSBC, na esquina da Avenida Iguaçu com a Rua Saint Hilaire (via rápida Centro-Portão), Água Verde, mas o cartão ficou retido. Um homem chegou e ofereceu ajuda, que foi recusada. Sem o cartão, o rapaz deixou o local com a esposa.
Vinte minutos mais tarde, o cliente voltou ao banco e a mesma pessoa que lhe ofereceu ajuda continuava dentro da agência. “Perguntei se ele agora fazia saque de dez em dez minutos”, disse o rapaz, já desconfiado de alguma irregularidade. Fora da agência o suspeito entrou num Santana preto e fugiu em alta velocidade. Outros dois homens tentaram entrar no carro mas não conseguiram e fugiram a pé. “Tinha um maior e um magrinho. Corri atrás do menor”, contou o técnico, que capturou José Edimar.
Golpe
No mesmo caixa usado pela vítima a PM encontrou um pequeno artefato plástico, colado no local onde os cartões são introduzidos. O objeto impede que o cliente retire o instrumento de saque. Neste instante, um dos golpistas aparece oferecendo ajuda, e tenta fazer com que a vítima digite a senha. Como a máquina não expele o dinheiro se o cartão não é liberado, o cliente sai para pedir ajuda. Então o golpista aproveita para descolar o artefato, que puxa o cartão através de um elástico, e retira o dinheiro.
O técnico em eletrônica disse “suspeitar” que José Edimar estava no banco na primeira vez em que foi sacar. “Do outro, que me ofereceu ajuda, eu lembro bem”, afirmou.
José, que é cearense, vendedor ambulante, morador de São Paulo e que estava hospedado num hotel de baixo padrão na Avenida Visconde de Guarapuava, disse que saiu correndo porque temeu ser assaltado. “Eu iria fazer um depósito de R$ 150,00 e estava com as cortinas e roupas, e outros materiais para venda. Vi o rapaz de camisa preta (o técnico) correndo e fugi”, alegou.
O sargento Turra, lotado no 13.º Batalhão da PM, que participou da detenção, suspeita que José Edimar integra uma quadrilha que aplica golpes em clientes de bancos, da qual faz parte ainda uma mulher loura. “Ele mora em São Paulo e trazia na carteira uma notificação de multa de um Monza com placa do Rio de Janeiro. Isso nos leva a crer que a quadrilha atue em vários Estados”, afirmou. Como o sistema de informática da PM estava fora do ar no instante da apresentação do detido, não foi possível saber se José tinha passagem pela polícia. Ele foi encaminhado ao 2.º Distrito Policial (Rebouças).
Quadrilha
Horas mais tarde, policiais do 13.º BPM conseguiram prender os outros dois suspeitos que haviam sido citados pela vítima. Renato de Andrade, 25 anos e Antônio Aclécio Camelo Bio, 21, foram detidos enquanto almoçavam em um restaurante no Prado Velho. Os dois desmentiram a versão apresentada por José Edimar e disseram que tanto o golpe quanto o aparelho foram idealizados pelo camelô.
Segundo Renato, que trabalha como mecânico, todos eles vieram do Rio de Janeiro para aplicar este golpe em Curitiba. Chegaram na quinta-feira passada e pretendiam voltar hoje, segunda-feira. Ele contou que aceitou participar do golpe porque José Edimar tinha oferecido dinheiro. “Eu tô precisando de dinheiro para quitar umas notas promissórias no valor de R$ 1.500,00. Mas recebi apenas R$ 50,00 do Edimar”, contou. O mecânico revelou ainda que quem aplicava o golpe era Edimar, enquanto ele e Antônio ficavam na agência apenas ocupando os outros caixa eletrônicos existentes. Desta maneira a vítima era obrigada a utilizar o caixa que estava “equipado” com o aparelho que retinha o cartão. Renato já conta com antecedentes criminais por estelionato. Antônio, que é cearense, disse que não tem passagens pela polícia.
As prisões foram efetuadas pelos aspirante Nascimento, sargento Turra e soldados Guerra e Vaz. Segundo a polícia, não há nada de ilegal com o veículo utilizado pela quadrilha.