Filhos de procurador ficam sem nada

Por determinação judicial, policiais federais deram cumprimento a mandados de busca e apreensão de bens e imóveis pertencentes aos irmãos Marcelo, Luciana e Ricardo Abilhôa – filhos do procurador de Justiça Dartagnan Cadilhe Abilhôa – e ao casal Carlos Eduardo Carneiro Garcia e Samanta Valéria Garcia. A operação da Polícia Federal teve início na manhã de ontem e, durante revista no apartamento situado na Travessa João Turin, no Água Verde, foram recolhidos alguns objetos e apreendidos dois automóveis que estavam na garagem do edifício.

Um dos veículos, o BMW placa CLG-9991, pertence a Ricardo Abilhôa, que permanece foragido. Durante a ação, Marcelo – que reside no apartamento locado – ficou alterado e tentou impedir o trabalho policial. Ele foi detido por desacato e resistência (obstrução à Justiça). Encaminhado à superintendência da PF, Marcelo foi ouvido e seria posto em liberdade no fim da tarde, após pagamento de fiança.

Além da apreensão dos carros, a determinação judicial incluiu o bloqueio das contas correntes e indisponibilidade de bens como veículos, casas e apartamentos pertencentes aos citados. Dentre os imóveis notificados está um apartamento em Balneário Camboriú (SC), da família Abilhôa. Para que isso ocorra efetivamente, bancos, cartórios e o Detran são oficiados.

Foragido

O policial civil Ricardo Abilhôa e o ex-investigador Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o ?Carlinhos?, são investigados pela Polícia Federal pelo crime de extorsão e enriquecimento ilícito. Os mandados de busca e apreensão foram estendidos aos familiares, porque a PF suspeita que os acusados tenham passado bens a outras pessoas.

Carlos foi preso no dia 15 de agosto, pois estava com prisão preventiva decretada pelo juiz da Vara de Inquéritos Penais (VIP). Ricardo permanece foragido, mas de acordo com seu advogado, Cláudio Dalledone Júnior, deverá se apresentar em breve, assim que tenha garantia de vida. ?Ele não se apresentou ainda porque teme por sua integridade?, explicou Dalledone, complementando que, assim que obtenha essa garantia, seu cliente se apresentará à polícia.

Ex-namorada entrega o jogo

Carlos Eduardo e Ricardo Abilhôa começaram a ser investigados pela Corregedoria da Polícia Civil após a ex-namorada de Ricardo denunciar que ele havia extorquido um mexicano e exigido o pagamento de R$ 3 milhões, que seriam divididos com seu colega Carlos.

Na continuidade das investigações, a corregedoria apurou que o mexicano Ernesto Plascencia San Vicente, braço-direito do Cartel Juarez, organização envolvida com tráfico internacional de cocaína e lavagem de dinheiro, teria sido encontrado pela dupla de policiais, que exigiram a quantia para não prendê-lo, em 2004.

Na época, foi instaurado inquérito na Promotoria de investigação Criminal (PIC), sendo que uma cópia do procedimento foi apreendida na casa de ?Mexicano? (como Ernesto era conhecido), na Vila Hauer, no último dia 20 de julho, quando Ernesto foi preso por policiais federais durante a operação denominada Zapata.

Defesa alega falta de provas

O advogado Cláudio Dalledone Júnior compareceu na superintendência da PF no fim da manhã de ontem para prestar assistência a Marcelo Abilhôa. Ele explicou que seu cliente ficou alterado ao ver seu único bem sendo levado pelos policiais federais e por isso resistiu. ?O carro apreendido é o único bem do Marcelo e foi adquirido há mais de dez anos?, explicou o advogado.

Sobre a possível acusação de que Marcelo e Luciana seriam ?laranjas? e estariam se beneficiando do suposto enriquecimento ilícito de Ricardo, Dalledone disse que ?fala-se muito sobre isso, mas prova-se pouco?. ?Eles trabalhavam e adquiriram bens com ganho próprio?, finalizou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo