O show de encerramento que deveria coroar mais uma Festa do Pêssego, em Araucária, marcou tragicamente essa importante data no calendário da cidade. Na noite de domingo, Erian Ferreira dos Santos, 9 anos, morreu vítima de uma bala perdida, durante confronto entre grupos de adolescentes. Mais três pessoas foram baleadas sem nada ter com a confusão.
Por volta das 22h30, pouco antes do início da apresentação musical de uma dupla sertaneja, uma seqüência de disparos provocou pânico e correria entre os cerca de 42 mil visitantes que lotavam as dependências do Parque Cachoeira. Cinco pessoas foram baleadas, quatro delas vítimas de balas perdidas. Erian e os outros feridos, todos adolescentes com idades entre 14 e 17 anos, foram conduzidos ao pronto-socorro do Hospital Nis III, naquele município. A menina não resistiu à gravidade do ferimento e chegou morta.
Os outros foram medicados e não correm risco de morte.
Após o incidente, as polícias Civil e Militar trabalharam rápido e conseguiram prender três suspeitos de ter participado da confusão. Dois deles, inclusive o acusado de ter efetuado os disparos, são menores de idade. A dupla foi detida na casa de Vagner Raimundo, 23 anos, nas imediações do parque.
O trio foi encaminhado à delegacia de Araucária.
Tiroteio
De acordo com o superintendente Valente, da delegacia local, uma rixa antiga entre adolescentes foi o que motivou toda a confusão. Durante o desenrolar da festa, dois garotos de 16 e 17 anos encontraram um desafeto e decidiram resolver as ?diferenças? à bala. Segundo a polícia, o adolescente de 17 anos sacou um revólver e atirou por diversas vezes na direção de outro rapaz da mesma idade, que foi atingido nas costas. Entretanto, os outros disparos também fizeram vítimas. Três adolescentes foram atingidos de raspão e Erian foi alvejada no pescoço. A garota estava acompanhada pela prima de 11 anos e também por dois adultos, responsáveis pelas crianças. Elas estavam em frente a uma barraca que vendia bijuterias.
No alvoroço, os acusados pelos disparos escaparam e foram se refugiar na casa de Vagner. Policiais civis e militares iniciaram diligências e, no final da noite, detiveram os suspeitos e a arma utilizada no crime.
Dúvidas quanto à segurança
Clewerson Bregenski e Márcio Barros
Foto: Daniel Derevecki |
Pai de Erian: ?Queremos justiça?. |
Ainda abalados com a morte de Erian, familiares questionaram a segurança destinada a um evento da dimensão da Festa do Pêssego. Para eles, o efetivo de policiamento era pequeno e a vistoria feita para a entrada no Parque Cachoeira, fraca, pois mulheres não eram revistadas. ?Para um evento desse porte, tem que ter melhor infra-estrutura e organização?, comentou Emerson, tio de Erian. Já o pai da criança, Antoniel Martins Ferreira, 34 anos, não quer que o crime passe impune, principalmente por ter sido cometido por um adolescente. ?Queremos justiça?, finalizou o homem, que tem outro filho de três anos, e sua esposa está grávida de seis meses.
Conforme as primeiras informações obtidas pela polícia, os adolescentes tiveram acesso à arma através de fendas feitas na cerca de proteção que envolve o parque.
Nota oficial
Em nota oficial, os organizadores do evento informaram que haviam 250 profissionais, entre policiais civis, militares e seguranças particulares, trabalhando no evento. No momento da confusão, estima-se que 40 mil pessoas estivessem presentes no Parque Cachoeira. A Comissão Organizadora lamentou o fato e colocou-se à disposição das famílias envolvidas no incidente.
O secretário municipal de Agricultura, João Batista Marinho, organizador da Festa, disse que foi um caso isolado e garantiu que a Prefeitura está dando apoio aos familiares. ?Não só ajudamos no funeral, mas temos seguro da festa, e na próxima semana vamos conversar com a família e com a corretora de seguros para acertarmos a situação?, concluiu o secretário.
O delegado Agenor Salgado, titular da delegacia local, disse que, se não fosse a quantidade de seguranças e o monitoramento feito pela organização da festa, seria difícil identificar o autor dos disparos, em meio a tanta gente. Os detidos foram ouvidos e vão continuar recolhidos no delegacia local, aguardando decisão judicial.