Comemoração com bolo e salgadinhos na Penitenciária Estadual de Piraquara I deu o que falar, na semana passada. Enquanto alguns dizem que a festa celebrava 21 anos de uma facção criminosa, a Secretaria de Justiça (Seju) afirma que a comilança marcava a Semana do Encarcerado. O “aniversário” seria em 31 de agosto, mas a entrada de alimentos especiais teria ocorrido em 5 de setembro.
Agentes penitenciários que trabalham na Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I), dizem que a festa aconteceu também na PEP II. Segundo os agentes, que preferem não ter os nomes divulgados, a chefia de segurança autorizou a entrada de 20 quilos de bolo, 60 refrigerantes e mais de 3 mil salgadinhos. Os policiais militares que trabalham nas muralhas das unidades ainda teriam filmado a festa, que teve gritos de ordem da facção, iguais aos que a Tribuna divulgou no início do ano em reportagens sobre a PEP I e o Primeiro Comando da Capital.
“Dizem que foram os próprios familiares dos presos que levaram os salgadinhos, mas claro, patrocinados pelo comando (PCC). Creio que a chefia autorizou a entrada por medo de ameaças, ou para não verem a cadeia virar de novo (rebelião)”, disse um agente. O funcionário ainda revelou que, no ano passado, a festa foi incomparavelmente pior, regada a cocaína e maconha. “Teve até preso que passou mal, socorrido quase em overdose”, revelou.
Encarcerado
A Seju explicou que de 1.º a 5 de setembro ocorreu a Semana do Encarcerado, organizada pelo Programa Esporte, Arte, Cultura, Lazer e Bem Estar, do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) Mario Faraco, que atende presos do complexo penal de Piraquara. A comemoração encerrou a semana, como parte dos processos de ressocialização e reinserção social e foi autorizada pela direção da unidade, com amparo na Lei de Execução Penal (LEP).
A LEP estabelece que “As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho”.
A Seju encaminhou documento, assinado pelo professor coordenador dos programas, no dia anterior, e encaminhado à direção do Departamento de Execução Penal, pede autorização para a entrada dos alimentos, informando que eles foram doados pela Igreja Congregação Cristã. Todos os alimentos passaram por raio x.