A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) determinou que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, 29 anos, seja submetido a júri popular.

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Ele é acusado de provocar a morte de dois jovens, na madrugada de 7 de maio de 2009, ao dirigir embriagado e em alta velocidade no Mossunguê. A defesa vai recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Não é questão de vingança, nós lutamos por justiça, por um país melhor, por famílias”, disse a mãe de um dos jovens mortos, Cristiane Yared. O TJ-PR entendeu que Carli Filho cometeu duplo homicídio simples, descaracterizando uma das denúncias, que a morte teria sido causada de surpresa, impossibilitando defesa para as vítimas.

Um dos defensores, o advogado René Dotti, acredita que essa foi uma vitória parcial, em razão de a pena, no caso de condenação, ter caído de 12 a 30 anos para seis a 20 anos.

Arquivo
Carli Filho: 167 km/h.
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No processo, várias testemunhas disseram que o ex-deputado havia bebido vinho naquela noite e foi aconselhado a não dirigir. Ele teria entrado no banco traseiro do carro de amigos, mas depois saiu e decidiu ir para casa em seu próprio veículo.

Logo depois, em velocidade média de 167 km/h, de acordo com perícia, atingiu o carro em que estavam Gilmar Rafael Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos. O ex-deputado também somava 130 pontos em sua carteira de habilitação, que estava suspensa.

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Dolo

Os três votos que decidiram pelo júri popular e o duplo homicídio simples com dolo eventual (quando se assume o risco de matar) foram dados pelos desembargadores Jesus Sarrão, Campos Marques e pelo relator do processo, Naor Rotoli de Macedo Neto.

Segundo o relator, o dolo eventual imputado ao réu se deu pela embriaguez e pela alta velocidade. Os defensores de Carli Filho argumentaram que ele estava na preferencial. Também destacaram que o ex-deputado havia apresentado um projeto de lei que pretendia dar desconto no IPVA para motoristas que não tivessem nenhum ponto na carteira.

No entanto, o próprio advogado já admitiu que pode haver uma condenação de seu cliente. “Temos convicção de que o fato será visto como ele ocorreu realmente, sem que o tribunal se impressione com o sofrimento das vítimas e a repercussão do caso, que possa trazer um erro judiciário”, afirmou Dotti.

O advogado de acusação, Elias Mattar Assad, afirmou que o mais importante é o fato de o TJ-PR ter referendado o júri popular. “Vai responder por dois crimes de homicídio na forma simples, mas continua a acusação de duplo homicídio doloso eventual”, afirmou. Ele disse que fará tudo para que o júri aconteça ainda este ano.

Carros

Carli Filho saiu de um restaurante num Passat preto e bateu contra o Honda Fit ocupado pelos jovens na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi (rápida sentido centro) e Paulo Gorski. As vítimas morreram na hora e uma delas foi decapitada. Carli passou dias no hospital, mas se recuperou, e voltou a Guarapuava.