Mesmo sem o balanço final da Operação Carnaval 2004, os dados das polícias rodoviárias Federal e Estadual já apontam um feriadão trágico nas estradas do Paraná. Até a tarde de ontem, 25 mortes haviam acontecido nas rodovias paranaenses. Em todo Carnaval passado, morreram 18 pessoas nas estradas. O número de acidentes este ano estava em 295, mas as estatísticas finais só devem ficar prontas hoje. Em 2003, da sexta-feria anterior ao Carnaval até Quarta-feira de Cinzas, foram registrados 417 acidentes. Os feridos em 2004 chegam a 239, contra 343 do Carnaval anterior.

Os dados da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) apontam 178 acidentes, com 183 feridos e 24 óbitos de sexta até ontem. No ano passado, nos seis dias da Operação Carnaval, foram 243 acidentes, 200 feridos e 11 mortos. No litoral do Estado (Estrada da Graciosa, BR-277, PRs 410, 412 e 508), a PRE registrou 19 acidentes com 14 feridos. Não houve vítimas fatais. Em 2003, em todo Carnaval foram 33 acidentes com 15 feridos. Neste ano também não aconteceram mortes nas estradas do litoral.

Alerta

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está alertando aos motoristas que voltam do litoral do Paraná e do litoral catarinense pela BR-376 para tomarem cuidado com a curva localizada no quilômetro 671, pois, na segunda-feira, um veículo se chocou contra a mureta de proteção e a derrubou.

Na tarde de ontem, o fluxo de veículos na BR-376 era de 1.500 carros por hora. O movimento em dias normais é de mil veículos/hora. Os números da PRF nas estradas paranaenses este ano são melhores que em 2003. Enquanto neste feriado foram 117 acidentes, 56 feridos e um óbito, no levantamento parcial, em 2003, foram 174 acidentes, 143 feridos e sete mortes.

Segundo a concessionária Ecovia, que administra o trecho da BR-227 que liga a capital ao litoral, o maior fluxo de veículos retornando por praias estava previsto para entre 17h e 18h, quando cerca de 2.200 veículos por hora subiriam a Serra do Mar. No meio da tarde, o movimento chegava a 1.400 veículos por hora. O normal é entre 600 e 800 carros a cada hora. A previsão da Ecovia é que 27.500 veículos saíssem do litoral sentido à capital.

Moradores fecham BR-277

Cerca de duzentas pessoas, moradoras dos bairros Jardim Cristal e Vila Bonde, em São José dos Pinhais, realizaram um protesto ontem, nas proximidades do Contorno Leste, irritando motoristas que retornavam para Curitiba. Os manifestantes fecharam a rodovia dass 15h30 às 18 h.

Eles exigiam que a Ecovia, concessionária responsável pela BR-277, providenciasse uma passarela de pedestres no km 71, diminuindo assim o número de atropelamentos. “Diariamente, cerca de 5 mil pessoas do Jardim Cristal e da Vila Bonde arriscam a vida ao atravessarem a rodovia”, afirmou o líder comunitário Paulo Pissinini. “Já solicitamos que a Ecovia construísse a passarela, mas até agora nada foi feito”, completou.

Segundo o caminhoneiro Donizeti Camilo, centenas de crianças atravessam a BR para ir à escola. “Muitos acidentes já ocorreram no km 71, inclusive envolvendo crianças. Eu mesmo, há um ano, já fui atropelado no local. É raro o dia em que não há uma ocorrência”, disse.

Motoristas

Os motoristas que voltavam do litoral e ficaram presos no engarrafamento de cerca de cinco quilômetros provocado pelo protesto estavam indignados. “Estou assustada com o que está acontecendo, pois os manifestantes estão muito revoltados”, comentou a bioquímica Débora Fisher.

O aposentado Bento da Silva definiu o fechamento da rodovia como absurdo. “Os manifestantes perdem a razão ao fechar a BR em um dia como este, em que as pessoas estão voltando das praias. Os motoristas não têm culpa se a passarela não é construída”, protestou.

Ecovia

A rodovia só foi liberada quando o gerente de operações da Ecovia, Mauro Szwarcgun, apareceu. Segundo ele, não cabe à concessionária decidir ou não pela construção da passarela, mas ao DER. Mauro se comprometeu a negociar com os manifestantes na próxima sexta-feira, às 19 h. “Caso ele ou algum outro representante da Ecovia não apareça, a rodovia será fechada novamente no domingo”, avisou Paulo Pissinini.

continua após a publicidade

continua após a publicidade