David Pompeo de Oliveira, o “Farol”, de 21 anos, é realmente o autor do disparo que matou uma menina de 4 anos de idade, no bairro Cajuru, no último dia 27 de julho. O delegado Stélio Machado, titular da Delegacia de Homicídios, chegou à esta conclusão no final da tarde de ontem, após à reconstituição do crime.
A cena foi feita no local com policiais civis, peritos da Polícia Científica e também com a presença do acusado – que está preso – e dos quatro ocupantes do Chevette branco envolvidos na ocorrência. Os quatro rapazes são suspeitos de terem trocado tiros com “Farol”, no episódio trágico que resultou na morte de Danielle da Silva Rebelo Campos, atingida por uma bala perdida.
“Farol”, que é foragido do 11.º Distrito, onde cumpria pena por assalto, se apresentou à polícia há uma semana. Desde o dia seguinte ao crime ele tinha sido identificado como principal suspeito e estava sendo caçado pela polícia. Ao se entregar, o acusado disse que não tinha certeza se o tiro tinha partido da arma dele. “Farol” contou que os ocupantes do Chevette atiraram primeiro contra ele – que apenas teria revidado para se defender – e levantou a hipótese de ter saído da arma de um deles o tiro fatal contra Danielle.
Adolescentes
“Da forma como ele e os outros quatro rapazes descreveram a cena, não há dúvidas de que ´Farol´ foi o autor do disparo”, afirmou o delegado Stélio, lembrando, porém, que ainda há um detalhe a ser esclarecido. “Os rapazes do Chevette negaram que estivessem armados, mas a perícia constatou que um dos tiros que atingiu o carro saiu de dentro dele mesmo”, comentou o delegado. Hoje, os quatro serão ouvidos novamente. Três são adolescentes e apenas o que dirigia o veículo, Isaías, de 18 anos, é maior de idade.
“Farol” se complicou ao apontar o local onde estava quando cruzou com o Chevette na Rua Catulo da Paixão Cearense, a cerca de 90 metros da casa de Danielle. O ponto de onde ele afirmou ter atirado na direção do Chevette corresponde exatamente à trajetória da bala que atingiu a garotinha.
Rápido
Os quatro rapazes afirmaram que foi “Farol” quem disparou contra eles, e não o contrário, como contou o acusado – embora neguem que estivessem armados. “A gente percebeu ele pegando a arma e apontando. Foi muito rápido, só deu tempo da gente se abaixar dentro do carro, e eu acelerei para fugir”, relatou Isaías.
“Farol” estava caminhando pela rua, em direção ao terminal de ônibus, quando avistou o veículo. Ele teria atirado porque dois dos rapazes são inimigos dele. Durante a reconstituição, o acusado admitiu que disparou cinco vezes – duas de frente para o Chevette e outras três depois que o carro passou por ele. Foi uma dessas três balas que alcançou a menina.
Aniversário
Danielle estava dentro de casa, no pavimento superior de um sobrado, recortando papéis com outras crianças, na mesa da sala, para preparar a decoração de uma festa de aniversário. Eram 16h20 de um domingo quando a bala atingiu a têmpora esquerda de Danielle, que foi levada pelo pai para o Hospital Cajuru, onde morreu no dia seguinte.
O inquérito sobre a morte da garotinha deverá ser concluído ainda nesta semana. A polícia vai apurar, junto ao Hospital Cajuru, se o projétil que atingiu a cabeça de Danielle foi retirado na cirurgia a que ela foi submetida e, em caso afirmativo, por que o objeto não foi entregue pelo hospital para a polícia. A arma que “Farol” usava no dia do tiroteio – um revólver calibre 38 – foi apreendida, mas a que estaria com os ocupantes do Chevette ainda não foi localizada. O delegado Stélio espera que os rapazes a apresentem.
