Farmácias de Curitiba e região metropolitana vêm sofrendo onda de assaltos, principalmente aquelas que recebem pagamento de contas. Só na terça-feira, dois estabelecimentos foram assaltados: um na capital e outro em Colombo, onde o dono e um amigo foram mortos e o farmacêutico ficou ferido.
A polícia investiga o caso como latrocínio (roubo com morte). No mesmo dia, o segurança de uma farmácia em Almirante Tamandaré foi executado perto do estabelecimento.
A última investida dos bandidos aconteceu por volta de 21h30 de terça-feira, no Cajuru. Segundo informações da Polícia Militar, dois homens armados com revólveres, um deles usando máscara de Papai Noel, assaltaram a farmácia na Rua Luiz França. Segundo o proprietário, um dos ladrões rendeu um cliente que estava na frente do estabelecimento, enquanto o outro dava cobertura do outro lado da rua.
“Eles pediram dinheiro ao cliente, pensando que ele era o dono, e lhe deram uma coronhada”, contou. Três funcionários também foram feitos reféns e trancados no fundo da loja.
Em menos de 15 minutos, os bandidos fugiram levando R$ 400. O proprietário contou que, infelizmente, na hora do assalto, as câmeras de segurança estavam em manutenção. “Eu já virei freguês dos assaltantes”, lamentou.
Rede
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Paraná, Edenir Zandoná Júnior, existem 1.500 farmácias em Curitiba e região metropolitana e quase 70% funcionam na capital.
As grandes redes englobam 300 lojas, 33% delas realizam cobranças de contas de luz e água, similar ao serviço prestado por lotéricas, outro alvo dos criminosos. “Como essas redes passaram a receber contas que são pagas em dinheiro vivo, viraram um atrativo para os assaltantes”, avaliou.
Boa parte das lojas das grandes redes conta com alarme e algumas contratam segurança particular, mas o aparato não é o suficiente para impedir a ação dos marginais.
Para o delegado Gil Tesseroli, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), é importante que as farmácias estejam equipadas com câmeras de segurança, que auxiliam o trabalho da polícia na captura dos bandidos. Além disso, é fundamental que os proprietários registrem boletim de ocorrência mesmo que a quantia levada seja pouca.
Números que assustam
Nos primeiros 15 dias de agosto, mais de 70 assaltos a farmácias foram registrados pela Polícia Militar em Curitiba. A grande vítima da ação dos marginais foi a maior rede de farmácias do Paraná, que, só naquele mês, sofreu 68 assaltos.
O total do prejuízo foi mais de R$ 38 mil. No final de agosto, dois suspeitos de roubar farmácias do mesmo grupo foram presos, mas as investidas não cessaram.
A sequência de roubos continuou em setembro e, só nos primeiros quatro dias do mês, foram registrados 19 assaltos com mais R$ 3 mil levados dos caixas. No dia 3 de setembro, uma quinta-feira, oito farmácias da rede foram alvo de bandidos entre 3h40 e 22h30.
Os números mostram que nem centavos escapam dos assaltantes. As quantias roubadas variam de R$ 1.900 mil a míseros R$ 26. Só a loja das Mercês sofreu dez assaltos em agosto. A reportagem entrou em contato com a subgerente da loja, mas ela informou que precisava de autorização para dar entrevista.