Integrantes paranaenses do Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida – criado no ano de 1991 e oficializado em 1995 – realizaram uma manifestação, ontem de manhã, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. No local, era realizada a reunião semanal do secretariado do governo do Estado.
O principal objetivo era alertar autoridades políticas e pais de crianças de que os desaparecimentos fazem parte do cotidiano brasileiro, também estando presente no Paraná. "Queremos conscientizar a população de que o problema existe e alertar os pais para que cuidem de suas crianças, não deixando que elas fiquem sozinhas em parques, supermercados e outros locais públicos", afirmou a coordenadora do movimento, Marília Marchese.
Segundo ela, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) tem realizado bons trabalhos de apuração. Porém, existem casos que são considerados verdadeiros desafios. "Algumas situações, como a de crianças irem até a casa de amiguinhos sem avisar os pais, são comuns e acabam sendo resolvidas rapidamente. Porém, também existem crianças que somem misteriosamente e nunca mais são encontradas. Isso é motivo de grande tristeza para as famílias."
No ano passado, foram registrados 111 desaparecimentos no Paraná. Todos foram resolvidos. Desde o início deste ano, foram 34 casos, sendo que 32 foram solucionados. O caso não solucionado mais antigo do Estado é o de Adriano Marques da Silva, que nasceu no ano de 1978 e desapareceu em 29 de julho de 1986, em Cascavel. O mais recente é o da menina Vivian Cacciatore Florêncio, de 3 anos, que sumiu no último dia 4 de março, em Curitiba.
Familiares
Familiares e amigos de Vivian também participaram da manifestação. A garota desapareceu junto com a mãe, Maria Emília, que foi encontrada morta, cinco dias depois, no município de Campina Grande do Sul. O principal suspeito do assassinato, de acordo com o tio de Vivian, Sérgio Luiz Cacciatore Florêncio, é o sargento da Polícia Militar Edson Prado, que tinha um relacionamento amoroso com Maria Emília e está preso preventivamente. "Queremos justiça e eficácia nas investigações sobre o desaparecimento de Vivian. Ainda tenho esperanças de encontrar minha sobrinha viva", disse Sérgio.
Também participou da manifestação a família do jovem Elson Mikuska, desaparecido no dia 19 de setembro do ano passado, aos 20 anos de idade, em Ponta Grossa. "Meu filho saiu de casa para jogar futebol às 19h30 e nunca mais foi encontrado. Ele não tinha vícios nem inimigos. A polícia chegou a algumas pistas, mas nenhuma delas levou à solução do caso. Não tenho nem idéia do que possa ter acontecido", contou o regulador de máquinas, Mário Mikuska.