Família sai em defesa de suspeito de homicídio em Caiobá

“Uma junta médica e peritos do Instituto de Criminalística podem derrubar a tese de que Juarez é o autor do crime no Morro do Boi, em Caiobá.” A afirmação é de familiares de Juarez Ferreira Pinto, 32 anos, que com o advogado de defesa, Nilton Ribeiro, estiveram no Fórum de Matinhos, ontem à tarde, e pediram à promotora Carolina Dias Aidar de Oliveira, que determine novas investigações para o caso.

Eles também apresentaram uma lista de nomes de testemunhas que teriam visto Juarez, em 31 de janeiro (data em que os estudantes Osíris Del Corso e Monik de Lima foram atacados no morro), no balneário Santa Terezinha, na distribuidora de bebidas onde trabalhava.

A polícia concluiu o inquérito ontem. A peça tem 300 páginas indiciando Juarez por homicídio (contra Osíris) e por latrocínio tentado e atentado violento ao pudor (contra Monik). Não há, no entanto, nenhuma prova material nos autos nem prova técnica.

Apenas o reconhecimento que Monik fez do suspeito, quando ainda estava hospitalizada, dá base à acusação. Outras testemunhas ouvidas (no total foram mais de 30 interrogadas) disseram ter visto Juarez em Caiobá antes ou depois do crime.

Doente

A família insiste em dizer que Juarez é um homem doente, que não tem resistência física. Portador de hepatite C (da qual faz tratamento há muito tempo), pressão alta e outros problemas de saúde, não poderia subir o Morro do Boi. “Queremos que ele seja levado até lá, com acompanhamento de médicos e peritos, para que seja provado que é incapaz de tal esforço”, pediu um familiar.

Prontuários das unidades de saúde do Uberaba e do Boqueirão, onde ele faz tratamento, foram levados ao Ministério Público, e médicos e enfermeiras que o atenderam se dispuseram a prestar esclarecimentos à Justiça sobre o estado de saúde dele.

Só no ano passado, Juarez teria ido mais de 20 vezes ao posto de saúde, em busca de ajuda, queixando-se de fraqueza e dores agudas na barriga (sintomas da hepatite C). Em muitas ocasiões era levado para casa de ambulância, porque não conseguia andar.

Hospital

Juarez foi transferido para o Complexo Médico Penal (também em Piraquara). Ele está com prisão temporária por 30 dias e o delegado que preside os autos, Rogério Martin de Castro, pediu a transformação da temporária em preventiva.

A promotora, que acompanhou alguns dos interrogatórios e teria inclusive constrangido testemunhas com palavras ríspidas, comentou que iria denunciar o acusado, conforme informou uma emissora de TV. Ela tem cinco dias para emitir seu parecer.

“Lei da mordaça” atrapalha

A Secretaria da Segurança Pública (Sesp) impede delegados e investigadores de prestar informações à imprensa, sobre casos de repercussão, o que, em vez de favorecer diligências, tem até atrapalhado o desempenho da polícia, que se vê obrigada a uma série de desmentidos.

No caso do crime no Morro do Boi, apesar de ter sido montada uma força-tarefa para a investigação, que atraía a atenção da imprensa nacional, as informações corretas não eram divulgadas, promovendo uma corrida em busca de outras fontes, o que gerou descrédito ao trabalho policial. Só a Sesp emitia matérias, que nem sempre estavam de acordo com os fatos.

Camiseta

No começo das investigações, a jovem Monik Pegorari de Lima, 23, baleada pelo assassino de seu namorado, ainda no hospital, reconheceu uma camiseta amarela, achada no morro, como sendo a do criminoso.

Disse, também, que supunha ter sofrido violência sexual e a polícia informou que o motivo do crime seria estupro. Mais tarde, essas informações foram desmentidas pela própria vítima, mas não chegaram ao conhecimento da imprensa, porque a Sesp proibiu a divulgação.

Quando o suspeito foi preso e os exames realizados na camiseta indicaram que o sangue nela não era o do acusado, e mais tarde “vazou” a informação de que Monik não havia sofrido estupro, a versão da polícia ficou comprometida. O suspeito, embora quisesse conversar com jornalistas, para apresentar seus álibis, foi mantido afastado da imprensa por determinação da Sesp.

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