Átila Alberti |
Vítimas ainda não foram identificadas. |
Uma família foi dizimada por causa de uma dívida. O crime teria ocorrido no final de janeiro ou início de fevereiro, quando um homem chamado Iran, de aproximadamente 60 anos, sua mulher de 30, e dois filhos do casal, de 5 e 6 anos, foram assassinados e enterrados em duas covas rasas, no quintal da casa em que moravam, na Rua Lindalva Maria Trindade dos Santos, no Jardim Holandês, em Piraquara. Os corpos só foram encontrados na tarde de ontem pela Polícia Civil.
O delegado Herthel Rehbein, titular da delegacia local, disse que os policiais investigavam um assassinato que aconteceu no município no dia 14 de maio, que vitimou Renato Quebec, conhecido como "Scooby-doo", 27 anos. "Descobrimos que o autor do crime morava nesta casa, no Jardim Holandês", disse o delegado. A polícia ainda apurou que o autor da morte se chamava Juarez e era ex-presidiário. Na continuidade, uma pessoa telefonou anonimamente para a delegacia e disse que, na casa, onde os policiais foram procurar Juarez, havia quatro corpo enterrados, da mesma família.
Encontro
Às 15h30 de ontem, os policiais foram até a residência e encontraram o novo morador Gilberto da Silva. Pediram para verificar o terreno. Os investigadores desconfiaram que os corpos poderiam estar enterrados em dois montes de terra preta e fofa. Um deles ao lado e o outro em frente à moradia. Em seguida, começaram a cavar e não demoraram a ver os primeiros ossos. Os cadáveres foram desenterrados com a ajuda de moradores. A Polícia Científica e o Instituto Médico-Legal (IML) foram ao local e fizeram os primeiros levantamentos, mas não conseguiram apurar a causa da morte, que será verificada somente após os exames complementares.
Chacina
Herthel contou que as investigações apontaram que Juarez matou o tio, a mulher dele e os dois primos, porque Iran estava cobrando uma dívida antiga. "Ele assassinou uma pessoa no Norte do Paraná e foi preso. Na ocasião, o tio emprestou dinheiro para que ele pagasse um advogado", informou o delegado. Em liberdade e sem ter para onde ir, Juarez foi morar com o tio, no Jardim Holandês.
No início do ano, Iran começou a cobrar a dívida e sugeriu que o sobrinho arrumasse um emprego. Pressionado, Juarez teria matado os parentes. Como havia uma plantação de milho no terreno, ele escolheu um local em frente à casa para colocar os corpos do tio e da mulher dele. Ao lado, ele desovou os cadáveres das crianças. Depois, jogou cal sobre os cadáveres para adiantar a decomposição. "A família freqüentava uma igreja evangélica e, quando os fiéis perguntaram onde estavam os parentes de Juarez, ele alegava que haviam mudado para o Paraguai", ressaltou o delegado.
Negócio
Meses se passaram e o homem comprou um caminhão de terra e colocou nos locais onde havia enterrado os corpos. Em meados do mês de maio, anunciou no bairro que estava vendendo a moradia por R$ 4 mil. Não demorou muito para negociar com Gilberto, pelo valor de R$ 3 mil, com todos os móveis e utensílios domésticos. "Ele pediu dez dias para sair, mas resolvi dar uma passada por aqui e encontrei a casa abandonada. Como eu estava pagando aluguel, me mudei há uma semana", contou Gilberto, que ficou assustado ao descobrir que quatro corpos estavam enterrados em seu quintal. "Nunca vi uma coisa dessas", comentou.
Investigações
O delegado informou que as investigações continuam no sentido de identificar as vítimas e localizar e prender Juarez. "Nossos trabalhos já estão bem adiantados. Nos próximos dias deveremos ter novidades", comentou.