O misterioso desaparecimento de uma família, em Rio Branco do Sul, pode se transformar em chacina. Na madrugada de ontem, Abraão Miranda, 59 anos; a mulher dele, Isa de Oliveira Miranda, 58; as filhas do casal, Vera, 28; e Rafaela, 15; e o namorado da adolescente, Eber de Oliveira Faria, 22, saíram da casa sem que qualquer vizinho percebesse. No final da tarde, o carro de Eber foi achado queimado e, a poucos metros, o corpo do rapaz. Até a noite de ontem, a polícia não tinha pistas do paradeiro da família.
Na terça-feira todos estavam reunidos na casa situada em um pequeno sítio, na região de Queimados, a dez quilômetros do centro do município. Durante a madrugada, os vizinhos não ouviram barulhos, mas, na manhã de ontem, eles começaram a suspeitar que havia algo errado. A casa estava vazia, a porta encostada, e a luz e a televisão ligados.
Pouco tempo depois os documentos de Abraão, Vera e Eber foram achados por um funcionário da Copel, a cinco quilômetros da casa deles. Enquanto isso, a dez quilômetros, no sentido oposto, na Estrada do Limoeiro, o carro de Eber, o Del Rei, placa MAA-4749, foi encontrado queimado. Familiares e amigos começaram a vasculhar pelo matagal e acharam o corpo do jovem.
A outra filha do casal, Marina Miranda, 23 anos, que não mora com a família, contou que nada foi levado da casa. Os documentos da mãe dela e da irmã estavam na residência, junto com certa quantia em dinheiro. Também não havia nenhum indício de briga no local. "O que sei é que Eber foi cobrar R$ 50 de um homem, para quem ele tinha trabalhado, e que ele prometeu matar meu cunhado", contou a jovem.
Abraão é dono de um depósito de lixo, que funciona ao lado da casa dele, e toda a família trabalha na reciclagem.
Desespero pelo telefone
Junto ao corpo de Eber vizinhos encontraram seu telefone celular. No aparelho havia o registro de duas ligações. A primeira foi feita às 4h15 para a Polícia Militar do município, e a segunda, discada às 5h, para o irmão dele. Os policiais militares não souberam dizer se a ligação foi atendida, porque a equipe de plantão não estava mais de serviço. O irmão de Eber não atendeu o telefonema, porque seu celular estava fora de área de serviço. Parentes dele acreditam que Eber tentou fugir, enquanto o assassino queimava seu carro e, por isso, foi golpeado na cabeça. Ainda agonizando ele teria tentado pedir ajuda, mas morreu antes de conseguir completar as ligações.