Acusado de ter participado da morte do ex-policial civil Eduardo Czerwonka, João Hamiltom Batistão, 48 anos, foi assassinado, na tarde de 15 de janeiro, por policiais civis e militares, ao reagir com tiros ao cerco policial. Esta é a versão dada pela polícia, que difere, e muito, da que a família sustenta. Segundo a filha de João e uma testemunha, o homem foi morto quando estava dormindo, sem esboçar qualquer reação.

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Kelly Manuele Batistão, 20, filha de João, compareceu na redação da Tribuna junto com Jonathan Pereira Veloso, 19, que teria testemunhado o crime. Segundo o garoto, ele estava dormindo no quarto de João e este no sofá da sala, quando os policiais invadiram a casa. Seriam quatro policiais civis e dois militares que, de dentro da residência atiram para fora com um revolver calibre 22, simulando que João estava revidando ao cerco policial. O homem então foi morto com dois tiros de pistola ponto 40. "Eles mandaram eu me deitar no chão do quarto, mas eu vi quando eles atiram no João, que estava deitado no sofá", contou Jonatham, que afirma estar com medo dos policiais, por ter testemunhado o crime.

Segundo Kelly, seu pai era usuário de crack, mas jamais andava armado. "Ele não conhecia o policial que foi assaltado e morto.Conhecia apenas Everton José de Souza acusado inicialmente de ser o autor do crime", contou. De acordo com a garota, os policiais invadiram a casa de seu pai atrás de Everton, e como não o encontraram, mataram Batistão. Depois do assassinato, moradores da região, revoltados com a injustiça, encontraram Everton, o espancaram e o entregaram à polícia. Como estava fora do período de flagrante, ele foi ouvido e liberado, apesar do delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, da Delegacia de Homicídios, afirmar que irá solicitar sua prisão. Cartaxo afirmou ainda que irá abrir dois inquéritos policiais, um para apurar a morte de Eduardo Czerwonka e outro para o assassinato de João Hamiltom Batistão.

O outro acusado de participar da morte do policial, Rogério da Silva Henter, 18, também foi ouvido e liberado. Este teria apontado João como participante do crime. "O Rogério chora por qualquer coisa, ele tem problemas, por isso confessou o crime e ainda apontou meu pai, mas nenhum dos dois fez nada", finaliza a filha da vítima, que afirma que irá denunciar os policiais na Corregedoria das Policias do Estado do Paraná.

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