Falso testemunho no caso do Morro do Boi

A Promotoria de Justiça de Matinhos ajuizou ontem, denúncia criminal contra Sirlei Aparecida Dias por falso testemunho. Sirlei era responsável pelo controle financeiro da empresa que vendia chope no balneário de Santa Terezinha, e na qual trabalhava como repositor de gelo Juarez Ferreira Pinto, acusado de ter matado o estudante Osíris Del Corso e baleado a namorada dele, Monik Pergorari de Lima, em 31 de janeiro de 2009, no caso que ficou conhecido como crime do Morro do Boi (em Caiobá).

Quando o caso ainda estava sendo investigado, vários funcionários da distribuidora de chope foram interrogados na delegacia, inclusive Sirlei. Ela apresentou na época um caderno de rascunho, em que anotava a data que fazia a entrega de vales aos funcionários e as encomendas de marmitex, e afirmou à polícia que no dia do crime Juarez estava na empresa, tanto que almoçou um marmitex e à noite recebeu um vale. Porém, as anotações de Sirlei tinham as datas rasuradas.

Ela explicou que havia se enganado ao colocar uma data e por isso teve que fazer a correção. Por este motivo seu depoimento foi considerado falso. A promotoria assegura que ela rasurou o caderno para dar um álibi para Juarez.

Em sua defesa, Sirlei garante que não agiu de má-fé, pois apresentou espontaneamente o caderno, do jeito que estava. Se quisesse dar um álibi, teria comprado um caderno novo e copiado todas as informações do anterior com as datas que lhe conviessem.

A funcionária também reclamou várias vezes de ter sido pressionada na delegacia para que voltasse atrás em seu depoimento, dizendo que Juarez não estava no trabalho, e que foi constrangida e ameaçada com prisão mais de uma vez pela promotora do caso, quando era ouvida. A pena máxima para falso testemunho é de quatro anos de reclusão.

Condenação

Juarez, em fevereiro passado, foi condenado a 65 anos e cinco meses de prisão pelos dois crimes. Ele sempre negou a autoria, e a polícia não encontrou nenhuma prova material que o incriminasse. A condenação foi baseada no depoimento de Monik.

O que a promotoria de Matinhos não explica é o fato de outro homem, que chegou a ser apontado como suspeito e foi preso com a arma do crime do Morro do Boi, Paulo Delci Unfried, acusado de cinco assaltos a residência nos balneários de Matinhos e Pontal do Paraná (em um deles com estupro da vítima e em outros deixou as vítimas sem roupa) ainda esteja em liberdade.

Os delegados que assinaram os inquéritos pediram em todos eles a prisão preventiva de Paulo, que foi reconhecido pelas vítimas dos roubos, que também reconheceram a arma com a qual foram ameaçados (a mesma usada no crime do morro). Mesmo assim, os inquéritos estão parados no Fórum, sem nenhum despacho por parte da promotora.