A série de explosões de caixas eletrônicos está longe de terminar. Na manhã de ontem, outro equipamento foi destruído e danificou um mercado, em Araucária. Desde o início do ano, já são 16 ataques, incluindo arrombamentos com maçaricos e tentativas frustradas. Até agora, a resposta das forças de segurança se resume a quatro suspeitos presos em flagrante e dois supostos membros da gangue da dinamite identificados.

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Enquanto a Polícia Militar se mostra inoperante no trabalho ostensivo e a Polícia Civil tem dificuldades nas investigações, os criminosos se sentem cada vez mais confiantes.”Os bandidos acharam um jeito fácil de ganhar dinheiro. O furto de caixa eletrônico é um crime de pouco risco e de resultado considerável”, analisa o delegado Rodrigo Brown, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).

Facilidades

Os marginais se aproveitam da falta de estrutura policial, principalmente na região metropolitana, para agir em regiões mais afastadas. Dos 16 ataques, dez aconteceram nos municípios vizinhos, quase todas com sucesso. Já na capital, das seis investidas, em quatro os bandidos se deram mal e foram presos ou tiveram que fugir sem levar nada.

Para o delegado, os bancos não colaboram com a polícia. “Muitas vezes eles nem se preocupam em trazer as imagens do crime”, revelou. O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e região, João Soares, disse que os bancos não têm prejuízo pelos ataques aos caixas, já que o seguro cobre a quantia armazenada e a reforma do terminal eletrônico.

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Outro fator atribuído pelo delegado para a onda de ataques é o recente abrandamento da lei para crimes como furto. Brown explica que o criminoso pego tentando arrombar um caixa responde por tentativa de furto e, se pagar a fiança, nem passa a noite na cadeia. Se for preso após consumar o arrombamento, seja com maçarico ou dinamite, o juiz determina se estipula ou não fiança e o acusado pode ficar apenas alguns dias detido.

Exército

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No conjunto “culpados” a polícia também aponta o Exército, responsável por fiscalizar a produção e o comércio de explosivos no País. Devido à série de explosões, acredita-se que os artefatos usados pelas quadrilhas sejam furtados ou desviados das empresas compradoras.

Por trás dos arrombamentos

Kevan Gillies, diretor da empresa de treinamentos Tees Brazil, acredita que os marginais que explodiram o caixa dentro do Auto Shopping Curitiba, Tarumã, na segunda-feira não são policiais. Ele analisou as imagens das câmaras de segurança e não identificou treinamento tático, como os que são dados a policiais. “Para montar os aparatos e explodi-los, eles tem conhecimento básico, igual a qualquer funcionário de pedreira, por exemplo. Mas percebe-se que eles não tem conhecimento técnico refinado, pois não acertaram na quantidade de explosivos”.

Apesar disto, o delegado Rodrigo Brown, da DFR, não descarta o envolvimento de policiais. “No ano passado, quando prendemos uma quadrilha que arrombava caixas com maçaricos, havia um policial civil aposentado e dois militares”, lembrou.