Plano nacional

Facção criminosa queria explodir acessos a Curitiba antes da Copa

Autoridades de Justiça e Segurança descobriram que uma das principais facções criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), planejava ataques a estradas e anéis de acesso a Curitiba, com o objetivo de isolar a capital do resto do País durante a Copa do Mundo, em junho. O documento divulgado ontem – um relatório do Sistema Penitenciário Federal, ligado ao Ministério da Justiça, e endereçado a várias autoridades de Segurança e Justiça no Paraná – mostra a interceptação de uma conversa entre dois presos paranaenses que cumpriam pena no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

O documento, datado de setembro de 2013, traz o resultado de escutas entre Amaral Ferreira Americano, o “Tio”, apontado um dos líderes da facção no Paraná, e Sergio Aparecido Silva, conhecido como “Zé Neguinho”, que também integra o grupo criminoso. Eles citam a rodovia Régis Bittencourt, estrada que liga Curitiba a São Paulo, como uma possível área de ataque. Pelo que é descrito no documento, a Polícia deduziu que um dos pontos que seriam atacados é a ponte sobre a represa do Capivari. “Tio” diz que a área duraria dois anos para ser refeita e menciona que outras estradas para a região Sul e sudeste, como por exemplo a rodovia que passa por Londrina, não suportariam o tráfego.

O bandido cita ainda que seria um prejuízo incalculável para o governo, ressaltando que deu orientações para que presos localizados no Paraná pudessem pôr em prática o plano. “Deixei tudo escrito lá pros caras desenrolar este tipo de ideia no momento em que nós saisse (sic) de lá”, descreve o relatório, reproduzindo a fala de um dos presos. É relatado também que “Tio” planejava o ataque há sete anos, mas o outro preso acrescenta que eles têm oito meses para preparar o crime, o que remete ao mês de junho deste ano, período de realização da Copa do Mundo em Curitiba.

Providências

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça do Paraná, o assunto já é de conhecimento dos órgãos de inteligência do Departamento de Execução Penal (Depen), Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal, mas a secretaria não vai comentar sobre o documento. Afirma ainda que os órgãos federais que levaram o fato a público estão monitorando o caso.

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança afirma que qualquer atividade anormal no sistema prisional do Paraná é monitorada e ressalta que as polícias do Paraná estão preparadas para atuar e garantir a segurança de todos durante a Copa do Mundo.

Quem são estes presos?

“Tio” e “Zé Neguinho” foram transferidos para a penitenciária de Mossoró em março do ano passado, após um estudo estratégico das Secretarias de Justiça (Seju) e Segurança Pública (Sesp), com o objetivo de deslocar 40 presos considerados perigosos para presídios federais de Mossoró e Porto Velho (RO). Segundo a Seju, presos por tráfico internacional de drogas e pertencentes à organizações criminosas são considerados presos federais, portanto, por “questões estratégicas” foram distribuídos nas duas unidades prisionais. “Tio” já está de volta ao Paraná e está preso na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP) I, reduto principal do PCC no Estado. Ele é natural de Ortigueira (PR), nascido em 26/08/1979. Foi preso em 03/12/1999, tido como preso vinculado a facções criminosas. Permaneceu em Mossoró até fevereiro.

O outro preso, “Zé Neguinho”, ainda se encontra no presídio federal do Rio Grande do Norte. A Seju informou ainda que o Paraná possui cerca de 500 presos federais em todas as unidades prisionais do Estado.

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