O sargento acusado de assassinar a ex-namorada Maria Emília Cacciatore Florêncio, 38 anos, e depois e enterrá-la em uma cova rasa para se livrar do corpo, não pertence mais ao quadro da Polícia Militar. Edson do Prado, que era sargento do extinto Grupo Águia, foi expulso da corporação no dia 6 de julho deste ano, por decisão do Conselho de Disciplina da PM. Preso no Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), o ex-sargento aguarda a decisão da Justiça comum, que decidirá se será ou não levado a júri popular.
Maria Emília e a filha dela, Vivian Florêncio, 3, desapareceram no dia 4 de março do ano passado, quando foram até a Praça Tiradentes, centro de Curitiba, para se encontrar com Prado. A mulher queria discutir o pagamento de pensão alimentícia para Vivian, que seria filha do policial (ele nega a paternidade). Cinco dias após o sumiço, o corpo de Maria foi encontrado, enterrado em uma cova rasa, próximo à Estrada Queimado, na localidade de Rio Abaixo, zona rural de Campina Grande do Sul. A vítima estava nua e coberta com cal da cintura para cima. Vivian continua desaparecida.
Desde o sumiço de mãe e filha, Prado, foi apontado como principal suspeito da morte da mulher. Em paralelo ao inquérito criminal, foi aberto o processo no Conselho de Disciplina da PM, que teria 50 dias para decidir se o policial seria ou não expulso da corporação. Porém, o resultado da decisão foi tomado apenas este ano.
Expulsão
De acordo com o capitão Hélio de Oliveira Manuel, chefe da seção de Justiça e Disciplina da PM, o Conselho, composto por três oficiais (capitão, 1.º e 2.º tenente) ficou paralisado até ter conhecimento do resultado do laudo pericial do confronto dos vestígios da cal encontrados na viatura que Prado usava, e os que foram jogados sobre o corpo de Maria Emília. O exame, feito pela Universidade Federal do Paraná, apontou 99% de compatibilidade na composição química. Além dessa prova, também houve quebra no sigilo telefônico do acusado. Os indícios levaram o Conselho a decidir pela expulsão do policial. ?A partir dessas evidências a Polícia Militar entendeu que Prado atentou contra a honra e imagem da corporação. Do ponto de vista da ética e da moral, a atitude dele traz reflexos negativos tanto para a corporação quanto para a sociedade. A conduta dele o torna incompatível com a função policial militar?, explicou Hélio, lembrando que Prado ainda pode recorrer ao governador do Estado ou entrar com recurso na Justiça para pedir reintegração no quadro da PM.
Julgamento
Prado deixou de receber seu salário como policial e teve que entregar a farda, carteira de identidade funcional e porte de arma a partir da concretização da expulsão.
No final do mês de abril deste ano, o juiz da 3.ª Vara Criminal Mauro Blei decidiu que Prado seria levado a júri popular, sob a acusação da morte de Maria Emília. A defesa do acusado recorreu e aguarda a manifestação do Tribunal de Justiça. Quanto a Vivian, que ainda não foi encontrada, Prado não será julgado por não haver materialidade do crime (o corpo dela não foi encontrado).