Terça-feira, 13 de dezembro de 2011. Pouco depois da meia-noite os moradores da região central de Campo Magro, na região metropolitana de Curitiba, ouvem uma explosão, levam um susto e correm para a janela a tempo de ver a quadrilha deixar a agência do Bradesco, na Estrada do Cerne. Os assaltantes fogem e ainda deixam um carro para trás. Três horas depois, já em Curitiba, na Rua Eduardo Sprada, dois caixas eletrônicos da cabina no estacionamento de um mercado vão para o espaço. Mais uma explosão. E os ladrões batem em retirada.

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Durante o ano, outros casos semelhantes foram registrados. A modalidade criminosa de assaltar caixas eletrônicos com explosivos chegou à Curitiba na metade do ano, embora alguns meliantes ainda não dominem totalmente a tecnologia. Na madrugada de 16 de junho, por exemplo, os assaltantes invadiram o caixa do Bradesco, na Rua Nicarágua, no Bacacheri, tentaram estourar a unidade e não conseguiram porque utilizaram uma quantidade insuficiente de explosivos.

Não existe uma estimativa de quantos caixas eletrônicos foram detonados no Paraná, no ano passado. Na Grande Curitiba foram pelo menos dez casos, mas esta modalidade criminosa ainda é relativamente nova por aqui. A moda começou no Nordeste, por volta de 2010, ganhou o estado de São Paulo em 2011 e foi a coqueluche criminosa da temporada. Para se ter uma ideia, somente a região de Campinas fechou o ano com um total de 81 explosões, distribuídas por municípios como Americana, Hortolândia e Mogi Mirim. Só em Campinas, 25 explosões. Na capital, São Paulo, o número pode ser maior, embora a Secretaria de Segurança Pública não divulgue a quantidade oficial de casos.

Crime da moda

A explosão de caixas eletrônicos é tratada como o crime da moda. E, pior para os cidadãos de bem, a previsão é que a moda não acabe de uma hora para outra. E por uma razão muito simples. Segundo o delegado José Carlos Fernandes, de Campinas, os bandidos descobriram a vulnerabilidade dos caixas eletrônicos. “É o crime da moda. É rápido e relativamente vantajoso para os bandidos. Antes, os criminosos usavam maçaricos e furadeiras, agora demoram cerca de um minuto e 24 segundos entre a explosão e a fuga. Não precisam necessariamente render ninguém e conseguem muito dinheiro de uma vez”, diz ele. E o problema não é só esse: segundo o delegado, criminosos que atuavam “no roubo de veículos e cargas e até no tráfico de drogas estão migrando para a nova modalidade”.

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Especialistas atribuem o surgimento da nova modalidade à repressão aos crimes tradicionais. A polícia reforça a segurança dos bancos, impedindo os assaltos, pressiona os bandidos a fazerem sequestro-relâmpago. Depois que estes ficaram visados, eles foram direitos aos caixas eletrônicos, até descobrirem a modalidade explosiva. É uma questão da lei da sobrevivência aplicada à criminalidade.

Queimando dinheiro

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Claro que por falta de experiência, os novatos na nova atividade correm o risco de botar tudo a perder. Se no Bacacheri, os assaltantes economizaram nos explosivos e não explodiram nada, em São Paulo, muitas explosões não renderam nada para os ladrões porque eles exageraram na quantidade de explosivos e literalmente mandaram tudo para o ar e saíram com as mãos abanando. Mas a polícia vai ter que desenvolver também uma nova tecnologia para combater a nova modalidade de crime. Algumas informações são óbvias: o maior alvo dos bandidos são unidades bancárias em locais afastados e no lado externo das agências.