Chácara do empresário fica em Borda do Campo. |
São três as linhas de investigação seguidas pelo delegado José Roberto Jordão, da delegacia de São José dos Pinhais, para apurar o assassinato do empresário Claudionor Lemos e Amorim, 43 anos, conhecido por Cláudio, proprietário da rede de restaurantes Divino Mestre. Ele foi morto com um tiro à queima-roupa, no início da madrugada de segunda-feira, em sua chácara, situada na localidade de Borda do Campo, naquele município.
A primeira hipótese é de que o crime tenha sido praticado por assaltantes, já que a esposa da vítima, Sueli de Fátima Amorim, 39, informou à polícia que foram roubados documentos pessoais dela, dois celulares e toda a féria de domingo dos três restaurantes da família, que estava em um malote, dentro do quarto do casal. A segunda é de que houve uma discussão e uma briga com alguém conhecido da vítima, e esta pessoa a matou. Por fim, a possibilidade de um crime passional.
“Não podemos assegurar nada por enquanto, mas o caso está bastante estranho”, informou o delegado, que ontem ouviu Sueli, a empregada da família, e os caseiros da chácara. O policial também recebeu várias ligações (algumas anônimas) de pessoas que se diziam amigas de Cláudio, e davam depoimentos espontâneos a respeito do relacionamento do empresário com a família e os filhos. “Estamos em fase de coleta de informações e tudo o que chegar será devidamente apurado”, garantiu Jordão.
Advogado
Sueli compareceu ontem pela manhã na delegacia, acompanhada pelo advogado Joanes E. de Souza. Ela fez um relato demorado de tudo o que aconteceu naquela noite, porém sua versão dos fatos deixaram algumas dúvidas que deverão ser esclarecidas ao longo das diligências. A mulher contou que o casal, a filha mais nova de 11 anos e a empregada, de 17, foram para a chácara na sexta-feira à noite. Embora não costumasse pernoitar lá, Cláudio concordou em ficar o fim de semana.
No domingo, os gerentes dos três restaurantes foram para a chácara, no fim da tarde, para entregar os malotes contendo a féria do dia. Por volta da meia-noite o último gerente foi embora. Uma hora depois, quando já estavam deitados, o empresário e a mulher ouviram latidos dos cachorros (tem um rotwailler, um pastor alemão e um vira-lata na chácara).
Morte
Cláudio então se levantou e apenas de cueca foi para os fundos da casa verificar o que estava ocorrendo. Voltou em seguida. Pouco depois, novamente alertado pelos cães, levantou-se e saiu, desta vez armado com um pedaço de pau que pegou na lareira. Sueli o seguiu até a sala e ficou aguardando. Ela então teria escutado um gemido e assustada acordou a filha e a empregada que dormiam na sala, e as três seguiram para o banheiro, onde ficaram trancadas por um tempo que ela não soube determinar, que seria entre 15 e 40 minutos.
Sueli diz não ter ouvido o tiro que atingiu seu marido, porém ouviu quando os supostos ladrões quebraram uma janela lateral da casa (a janela foi quebrada com um pontapé, segundo a polícia). Ela só saiu do banheiro quando a irmã do chacareiro, que mora na casa ao lado, a chamou pelo nome. Sueli teria então avistado o marido caído em frente a porta dos fundos, sangrando. Ela correu para o quarto, revirou o local (chegou a virar um sofá) para encontrar a chave do carro e o transportou para o hospital de São José, onde Cláudio morreu quatro horas depois.
O chacareiro e a irmã também foram atraídos pelos latidos dos cães e encontraram o patrão já baleado. Os dois afirmam que não escutaram o barulho do tiro e não viram ninguém diferente no local.
Dúvidas
De acordo com informações anônimas, o valor levado pelos supostos ladrões seria de cerca de R$ 100 mil, já que se trataria do dinheiro arrecadado nos três restaurantes na noite de sexta-feira, no dia de sábado e no domingo. Sueli disse desconhecer o montante, pois ao receber os malotes os levou para o quarto e os deixou em cima do sofá, sem conferi-los.
Para o delegado, a pessoa que entrou na chácara conhecia o local. “Se foi mesmo um assalto, o ladrão (ou ladrões) sabia bem o que estava procurando”, assegurou. O que causou maior estranheza aos policiais foi o fato do assaltante quebrar a janela lateral com um pontapé se poderia ter entrado pela porta da frente, que estava aberta. Outra dúvida com relação ao caso foi a ousadia do assaltante de ainda entrar na casa depois de balear a vítima. “Esse não é um comportamento normal. Quando acontece um tiro, o ladrão geralmente sai correndo, mesmo sem levar nada”, diz ele.
Neste caso, após balear Cláudio a queima-roupa, nos fundos da casa, o assaltante ainda entrou, revirou o quarto do casal, apoderou-se dos celulares, dos documentos de Sueli e também do dinheiro que estava nos malotes, deixando os comandos espalhados pelo chão.
Quanto ao tiro que vitimou o empresário, a estranheza vem do fato de ninguém tê-lo escutado. Anteontem os policiais estiveram no local e dispararam um tiro contra o chão, no mesmo local em que a vítima foi ferida. Todos que estavam dentro da casa o ouviram.
Novos depoimentos
Ainda hoje o delegado pretende ouvir o filho mais velho do casal, Willian, de 20 anos, que a exemplo do irmão, que tem 18 anos, não estava na chácara naquela noite. Outras pessoas serão também ouvidas ao longo da semana, na busca de informações que possam esclarecer o misterioso crime.