Acusado de envolvimento em uma trama que teria desviado mais de R$ 330 mil da Fundação Cultural Leonardo da Vinci, ligada à Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) e de receber propina de um dos integrantes do Cartel Juarez (a maior organização criminosa do México), o ex-investigador da Polícia Civil Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o ?Carlinhos?, foi preso na manhã de ontem por policiais da Delegacia de Homicídios e do serviço reservado da Polícia Militar. Com prisão preventiva decretada pelo juiz da Vara de Inquéritos Policiais (VIP), ele estava escondido no apartamento de um parente, no Cabral. Seu colega, o polícial civil Ricardo Abilhôa, também está sendo procurado pela polícia e está foragido.
O delegado Jaime da Luz, da Delegacia de Homicídios, informou que havia algumas denúncias de que Carlos Eduardo tinha sido visto circulando pelo edifício, na Rua Joaquim José Pedrosa (rápida sentido bairro), no Cabral. ?Como se tratava de endereço diverso do que constava em sua ficha, foi solicitado à Justiça um mandado de busca e apreensão. Ontem, estivemos no apartamento e constatamos a veracidade das denúncias?, contou Jaime.
Segundo informações da polícia, quando a equipe chegou ao prédio, Carlos teria sido avisado e deixou o apartamento para se esconder num pequeno banheiro localizado no sótão do prédio, onde foi localizado posteriormente. De acordo com as investigações feitas pelo delegado Adonai Armstrong, designado pela Corregedoria da Polícia Civil para apurar o caso, o golpe contra a PUCPR teria começado em 2003. Carlos ficou durante todo o dia nas dependências da Delegacia de Homicídios e, no final da tarde, foi transferido para o Centro de Triagem, em Piraquara. Ele não quis falar sobre o assunto com a imprensa.
Dinheiro
Carlos Eduardo e Ricardo Abilhôa começaram a ser investigados pela Corregedoria da Polícia Civil após a ex-namorada de Ricardo denunciar que ele havia extorquido um mexicano e exigido o pagamento de R$ 3 milhões, que seriam divididos com seu colega Carlos. Na continuidade das investigações, a Corregedoria apurou que o mexicano Ernesto Plascência San Vicente, braço-direito do Cartel Juarez, organização envolvida com tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro, teria sido encontrado pela dupla de policiais, que exigiram a quantia para não prendê-lo, em 2004. Na época, foi instaurado inquérito na Promotoria de investigação Criminal (PIC), sendo que uma cópia do procedimento foi apreendida na casa de ?Mexicano?, na Vila Hauer, no último dia 20 de julho, quando Ernesto foi preso por policiais federais durante a operação denominada Zapatta.
Revogação
O advogado de Carlos e Ricardo, Cláudio Dalledone Júnior informou que irá pedir a revogação das prisões preventivas contra seus clientes ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele disse ainda que Ricardo Abilhôa não pretende se entregar à polícia, pois teme por sua integridade física.