Represália contra as atividades de um policial civil: assim a delegacia do Alto Maracanã entende o assassinato da estudante universitária Jane Bogeski, 32 anos. Ao sair de um show no Bairro Alto, às 3h15 de ontem, ela foi massacrada por um grupo de pessoas na Rua Valentim Stempinhak, esquina com Rua Cláudio Alves, no Jardim Campo Alto, Colombo. Oito acusados de envolvimento no crime foram detidos pela manhã, sendo que quatro deles participaram efetivamente da agressão. Dos presos, apenas Josiel Martins de Souza da Silva, 22 anos, é maior de idade. Os demais são adolescentes: dois de 17 anos e um de 15.
Jane era ex-mulher de Job de Freitas, superintendente da delegacia do Alto Maracanã, com quem tinha dois filhos adolescentes. Job suspeita que os assassinos atacaram a mulher por vingança contra ele. “Uma amiga dela, que presenciou o crime, disse que os autores a identificaram como minha ex-mulher. Talvez haja um vínculo com uma grande apreensão de crack que fizemos”, suspeita o policial. Há informação de que os matadores, enquanto golpeavam a vítima, gritavam que ela era alcagüeta.
Show
Horas antes do assassinato, Jane e a amiga Cristiane assistiram ao show de uma dupla sertaneja no Bairro Alto. Em meio à multidão, encontraram com o grupo de cerca de oito rapazes – presos mais tarde – que disseram ter desavença com Cristiane. Temendo uma reação violenta, as amigas fugiram, a pé, em direção à divisa com Colombo.
O bando seguiu as mulheres e as encurralou no Jardim Campo Alto, local conhecido pela polícia devido ao tráfico de drogas. Moradores do bairro escutaram uma demorada discussão, com gritos vindos das ruas próximas, e por fim a frase “Ela é uma vigarista”. Cristiane apanhou, mas conseguiu pular o muro de uma residência e despistou os assassinos. Jane não teve a mesma sorte e foi violentamente agredida com socos e pontapés. Um objeto conhecido por “mão de pilão” -usado na agressão – foi largado na rua, com sinais de sangue, e apreendido pela polícia. A estudante teve afundamento de crânio e morreu no local.
Prisões
Pela manhã, oito pessoas foram detidas pela DP do Alto Maracanã. Quatro dos suspeitos confirmam participação no crime e o creditaram à rixa com Cristiane, supostamente causada por uma discussão ocorrida há dois meses. O superintendente, porém, acredita mais na hipótese de vingança. “Embora eu não os conheça, eles me conheciam. Todos estão ligados a Pedro Carneiro da Silva (preso com quase meio quilo de crack no início do mês) e vamos investigar esta conexão”, falou o policial. Job confirmou que Josiel e três menores (dois irmãos) confessaram a participação no crime, mas não confirmaram o motivo. Todos têm envolvimento com entorpecentes e poderiam estar sob efeito de drogas quando cometeram a atrocidade.
Jane foi viciada em crack, segundo o próprio Job, mas desde que entrou na faculdade de Ciência Contábeis teria abandonado a droga. No local do crime, um morador da região revelou que a vítima morava na Vila Tingüi, em Curitiba, e freqüentava o bairro há um ano, sempre em busca de crack. O superintendente disse desconhecer este fato, mas confirmou que Jane morava mesmo no Tingüi.
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