O coronel Jorge Luiz Thais Martins, 56 anos, suspeito de praticar nove assassinatos, nos últimos seis meses, no Boqueirão, se apresentou à polícia, no início da tarde de ontem, e prestou depoimento na Delegacia de Homicídios.

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O ex-comandante do Corpo de Bombeiros não falou com a imprensa, mas seu advogado negou a participação do cliente nos crimes. A delegada Vanessa Alice, que comandou os inquéritos envolvendo o coronel, confirmou que o mandado de prisão temporária do acusado foi solicitado por se tratarem de homicídios qualificados e porque uma testemunha foi assassinada e outras eram ameaçadas.

De acordo com Vanessa, que era delegada-chefe da DH quando surgiram denúncias sobre o envolvimento do coronel nas mortes, o suspeito atacava usuários de drogas que se reuniam para consumir entorpecentes e agia sozinho.

Porém, testemunhas declararam ter visto mais de um atirador em alguns casos. A polícia confirmou que outra pessoa, que não foi identificada, participava das ameaças praticadas a moradores da região.

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Reconhecimento

Em pelo menos três crimes, em que cinco pessoas morreram e três ficaram feridas, o ex-comandante foi reconhecido como autor dos disparos. Nos outros, ele foi acusado.

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A delegada confirmou ainda que o coronel foi visto num dos locais de morte, conversando com os policiais que atendiam a ocorrência. Além disso, os veículos vistos pelas testemunhas – uma EcoSport e um Honda Civic escuros – batem com os que o coronel usava.

“As evidências da participação de Jorge Luiz nos homicídios foram obtidas a partir de investigações, depoimentos de testemunhas e relatos de sobreviventes e de familiares que foram ameaçados. Restam laudos periciais e confronto com armas que deverão ser apreendidas”, disse Vanessa.

Delegado

Os cinco inquéritos em que o coronel é citado foram juntados e, assim que forem concluídos, serão encaminhados à Justiça. O mandado de prisão de Jorge Luiz foi expedido pelo juiz Pedro Luis Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais (VIP).

“Isso é uma mostra que as investigações foram bem executadas pela Delegacia de Homicídios”, declarou o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Michelotto. Como a delegada Vanessa foi transferida para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), o inquérito passa a ser conduzido pelo delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos, da DH.

Defesa

Aliocha Maurício
Silvio: álibi no Ano-Novo.

Pouco depois do meio-dia, Jorge Luiz compareceu ao Quartel Geral da Polícia Militar, onde permanecerá à disposição da Justiça. Por volta das 18h, ele foi conduzido à DH, acompanhado do advogado Silvio Cesar Micheletti, para prestar depoimento.

“A partir de segunda-feira, vamos buscar medidas para revogar a prisão temporária ou entrar com pedido de habeas corpus. Não vejo motivo para que ele permaneça preso”, disse o advogado.

Micheletti não revelou qual será a estratégia da defesa, mas afirmou que, em alguns crimes atribuídos ao coronel, o suspeito não estava em Curitiba. “Ele é acusado de matar duas pessoas na manhã do dia 1.´, mas podemos provar que ele passou o feriado do Ano-Novo no litoral”.

Amigo

Na quinta-feira, o advogado Eurolino Sechinel dos Reis se apresentou à imprensa como advogado do coronel e fez duras críticas às investigações da Delegacia de Homicídios. Micheletti, no entanto, afirmou que Eurolino é apenas amigo da família de Jorge Luiz.