Apoiado por somente um de seus antigos companheiros de programa, o ex-Big Brother Edílson Buba, 32 anos, foi ouvido ontem em audiência na 2.ª Vara Criminal de São José dos Pinhais. No começo da tarde, a juíza substituta Luciani Regina Martins de Paula suspendeu a sessão, devido à ausência de uma testemunha de acusação. Um dos policiais que efetuou a prisão de Buba está participando de uma operação especial em Foz do Iguaçu e não pôde comparecer.
Uma nova audiência foi marcada para o dia 4 de agosto, quando serão ouvidas também as testemunhas de defesa. Elas deveriam depor ontem, o que não foi possível sem a conclusão dos testemunhos de acusação.
O empresário curitibano, preso em 26 de abril, no Aeroporto Afonso Pena, com 18 comprimidos de ecstasy e 18 gramas de maconha, segue alegando ser apenas usuário de drogas, mas permanecerá detido pelo menos até a data da nova audiência.
Exames
Até lá a defesa espera a conclusão de um exame – cuja base de confronto vem de Los Angeles (EUA) -, que vai determinar a composição química dos comprimidos. A intenção, segundo um dos advogados de Buba, Marden Maués, é comprovar que o ecstasy encontrado com o empresário é de baixa dosagem e poderia ser consumido em três ou quatro noites – fato que poderia caracterizá-lo como mero usuário e possibilitar sua libertação. Já a promotoria questiona a relutância de Buba em informar a origem das pílulas e da maconha.
Buba, que emagreceu 12 quilos desde que foi preso, chegou ao Fórum Criminal de São José dos Pinhais algemado e vestindo a camiseta da “Vida Limpa, Vida Livre”, organização não-governamental de combate ao consumo e tráfico de drogas criada pela família dele. O próprio réu foi o primeiro a ser interrogado pela juíza, pelo Ministério Público e por seu advogado. Em seguida, passaram pelo mesmo rito as quatro testemunhas de acusação presentes.
Um dos que iriam depor em favor de Buba era Eduardo Monteiro Pinto Coelho, 25 anos, o “Dudu”, único ex-participante do BBB-4 que compareceu à audiência. O empresário voltava de uma festa promovida pelo ex-colega, em Belo Horizonte, quando foi preso. Segundo a irmã mais velha de Buba, Maria Elizabeth Buba Dal Lago, todos os demais integrantes do programa foram contactados, mas nenhum pôde vir por compromissos particulares. Os “brothers” Zulu, Antonella, Marcelo Dourado e Tatiana eram aguardados para a data original da audiência (6 de julho). Entre as testemunhas de acusação estavam os policiais civis e federais responsáveis pela prisão do empresário.
No fim da tarde, Buba foi levado de volta ao Centro de Observação e Triagem (COT), no Ahu, onde divide uma cela com outro preso.
Família alerta sobre ecstasy
Cerca de 20 parentes e amigos de Edílson Buba compareceram à audiência de ontem, na 2.ª Vara Criminal de São José dos Pinhais. Espécie de porta-voz da família, a irmã mais velha do empresário, a administradora de empresas Maria Elizabeth Buba Dal Lago, defendeu a inocência do irmão e disse esperar que o caso de torne “exemplo” para os mais jovens.
Maria Elizabeth contou que Buba experimentou o ecstasy pela primeira vez no Carnaval, pouco depois de ser eliminado do Big Brother Brasil. Mais tarde, teria se tornado usuário ocasional da droga. “Ele ganhava um comprimido aqui e outro ali. Tanto que nem sabia quantos carregava no aeroporto”, disse a administradora.
A família reconhece que o consumo de drogas é um “erro” do ex-Big Brother, mas não admite o enquadramento como traficante. “Ele não vendeu a droga para ninguém nem transitou com ela. De qualquer forma, esperamos que o caso alerte sobre os perigos do esctasy, que é tão pouco conhecido mas pode fazer muito mal”, disse.
Fama
Maria Elizabeth acredita também que o fato de Buba ter se tornado conhecido contribui para mantê-lo preso. “O processo cita que a soltura poderia ser atribuída à fama dele, o que é um absurdo”, falou a primogênita dos quatro irmãos Buba, que admitem estar saindo só agora do “choque” resultante da prisão.
Em breve depoimento no intervalo da audiência, o advogado de defesa Marden Maués disse que o Ministério Público não apresentou nenhuma prova cabal que caracterize o empresário como traficante. “Ele foi vítima de uma tipificação (enquadramento) equivocada das autoridades policiais, talvez ofuscadas pela repercussão do caso na imprensa nacional”, falou o defensor.