Mortes na UTI

“Eu não sou Deus”, diz médica em entrevista na TV

O folhetim eletrônico ‘Fantástico’ veiculou ontem (10) uma entrevista da médica Virgínia Soares de Souza, acusada de desligar os aparelhos de pacientes e presa desde o dia 19 de fevereiro. Atendendo aos pedidos da própria acusada ela respondeu às perguntas do programa por meio de um gravador de voz. Os registros foram autorizados pelo juiz da Vara da Corregedoria dos Presídios, Moacir Antônio Dala Costa.

“Nunca fui negligente, nunca fui imprudente, nunca tive uma infração ética registrada, uma queixa e exerci a medicina de forma consciente e correta”, afirmou a médica. Quando questionada sobre as gravações em que comentava sobre desentulhar a UTI, a doutora Virgínia disse que aquele termo foi infeliz e usado em uma conversa informal. “Desentulhar não é matar pacientes”, reiterou.

Nesta segunda-feira (11), o Ministério Público apresentou denúncia sobre o caso. No total, os investigadores já recolheram mais de 1.700 prontuários de pacientes que morreram na UTI do Hospital Evangélico.

“Eu não sou dona do mundo, eu não sou dona de nada. Eu fui colocada não só como demônio formador de quadrilha, mas também como uma pessoa de soberba”, relatou a médica que, apesar de manter-se calma, demonstra tristeza pelas acusações que têm sofrido. “Eu não sou Deus, não sou perfeita. Nada mais fiz do que exercer com a maior dignidade possível e com respeito aos pacientes a medicina intensiva”, completou.