Depois que o último dos 900 presos deixou o prédio da Prisão Provisória de Curitiba (PPC) – a popular Penitenciária do Ahu -, encerrou-se ontem uma história de quase 100 anos. A centenária unidade foi esvaziada para a instalação do Centro Judiciário de Curitiba, que deve começar a ser construído no mesmo espaço, em agosto. Os detentos foram transferidos para o recém-inaugurado Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
A remoção começou a ser feita no dia 28 de junho, de forma gradativa, a fim de manter a segurança do trabalho. De acordo com o coordenador-geral do Departamento Penitenciário (Depen), coronel Honório Bortolini, 803 internos foram encaminhados a Piraquara, enquanto os demais, com prisão provisória decretada pela Justiça, foram removidos para a Casa de Custódia de Curitiba (CCC), na Cidade Industrial, e para o Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais.
A escolta dos presos foi formada por cerca de 90 policiais militares de diversas unidades da corporação, e contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal.
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| Nas janelas, o último sinal. |
"As transferências em todos os dias foram realizadas normalmente, sem qualquer incidente ou manifestação contrária dos presos", assegurou o diretor da PPC, Adib Tuffi Júnior. Em duas semanas, as remoções foram feitas em média de 30 internos, enquanto nesse último dia, oito camburões levaram 584 internos nos períodos da manhã e tarde.
Limpeza
Bortolini explicou que o Ahu passará agora por um processo de limpeza. Os pertences dos presos ficarão à disposição dos familiares na administração da PPC (Avenida Anita Garibaldi, 750), pois na unidade de Piraquara os detentos recebem uniforme e um kit de higiene pessoal. O Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT) e a Penitenciária Feminina de Regime Semi-Aberto, também instaladas no Complexo do Ahu, serão desativadas ainda esse ano. A unidade feminina, que conta com 52 presas, deve ser removida para uma nova unidade, no Atuba.
O CDR, inaugurado no mês passado, tem capacidade para 960 detentos, com setores de saúde, escola e área de convívio. A unidade tem sistema de segurança similar ao usado em aeroportos, com "raquetes" e raios-X para detectar metais, celulares e armas. Para as visitas, é realizado no cadastro de familiares e advogados, revistas e proibição da entrada de celular.
História
A Prisão Provisória de Curitiba foi a primeira penitenciária do Estado, e sua origem data de 5 de janeiro de 1909, não se tendo notícias de inauguração formal. Inicialmente, recebeu o nome de Penitenciária do Estado. O prédio foi construído em 1896, para funcionar como asilo para Alienados Nossa Senhora da Luz. Em 1905 o foi transformado num presídio. A capacidade inicial era de 52 celas individuais, e foram transferidos da cadeia para a penitenciária 55 presos.
O regime adotado era o de "Auburn", que previa o encarceramento celular durante a noite, e o trabalho em comum durante o dia, sob regimento de silêncio.
