Acusado nega abusos. |
“Depois de quase 10 anos, acredito que se faz justiça”. Com essa frase o delegado Gerson Machado, titular da delegacia de Pinhais, finalizou suas explicações sobre a prisão do pedreiro F.S.A., 51 anos, ocorrida na manhã de ontem, no bairro Vargem Grande, naquela cidade. O detido é acusado de ter praticado atos libidinosos e atentado violento ao pudor contra quatro adolescentes, com idades entre 12 e 14 anos, em 1994. O detalhe é que três das adolescentes eram suas filhas. Atualmente apenas duas delas estão vivas, segundo contou o próprio pai.
O homem havia sido preso em 29 de dezembro de 1994, em flagrante, acusado de manter relações sexuais com as adolescentes. Na ocasião, as meninas foram ouvidas pelo delegado que presidia o inquérito na época, e confirmaram as acusações contra o pai. “Nos autos constam as declarações que o incriminam. Além das meninas, que confirmam os atos sexuais, o irmão mais velho afirmou também que elas eram intimidadas e ameaçadas de morte, caso contassem a alguém o que acontecia”, explicou Machado. O acusado chegou a ficar 40 dias detido e depois conseguiu, através de seu advogado, um alvará de soltura.
Nove anos e quatro meses depois da prisão, o pedreiro retornou para o xadrez. O delegado Machado reabriu as investigações com o retorno dos autos do processo da Justiça. Depois de novas diligências, aliadas aos laudos do Instituto Médico Legal, que comprovavam o abuso sexual, Machado fez um relatório complementar e encaminhou novamente á Justiça, solicitando a prisão preventiva do acusado. Em 23 de abril, o juiz Paulo Antônio Fidalgo decretou a prisão de F.S.A. que foi cumprida na manhã de ontem.
Inocente
O preso alega inocência e diz que essa acusação foi uma armação elaborada pela ex-mulher que, na época, inclusive induziu os filhos a depor contra ele. “Não tem nada de verdade nessa acusação. Na época assinei alguns documentos mas não tinha instrução nenhuma. Não fiz nada. Pode perguntar para minhas filhas hoje, que elas vão contar a verdade”, afirmou. Ele se despediu da imprensa dizendo que vai provar novamente sua inocência como fez há dez anos. Por motivo de segurança, o preso não ficará retido no xadrez de Pinhais, pois os demais detentos não aceitariam conviver na carceragem com um homem acusado de estuprar as próprias filhas. “Pedi a remoção dele ao delegado divisional”, explicou Machado.