Foto: Átila Alberti/Tribuna

Peças e carcaças queimadas
eram de carros roubados.

continua após a publicidade

Uma conta de telefone rasgada e jogada no meio de restos de lataria de veículos levou policiais militares da 1.ª Companhia, do 17.º Batalhão, a estourarem uma rede de desmanches em São José dos Pinhais. Em pouco mais de duas horas, foram descobertos três "oficinas" de propriedade da mesma quadrilha. Além de diversos veículos roubados e furtados "picados", os policiais localizaram uma agenda, discriminando os carros que foram desmanchados e uma caderneta com o nome dos veículos encomendados.

André Ieler Scarcetto, 23 anos, e Antônio Marcos Cristaldo, 29, foram presos e autuados em flagrante por receptação pelo delegado Noel Francisco da Silva, de São José dos Pinhais. Apontado como chefe da quadrilha e dono da caderneta contendo as encomendas, um rapaz identificado apenas como "Negão" não foi localizado

até a tarde de ontem. A polícia também esteve na Autopeças Latina, na BR-116, em Curitiba, onde fez uma vistoria a procura de peças irregulares.

Descoberta

O comandante da 1.ª Companhia, tenente Micrute, informou que uma equipe trafegava pelo Jardim Santana, quando viu algumas peças de carro no lixo, em uma casa da Rua Santa Efigênia, esquina com a Rua São Sebastião, no Jardim Santana. Um dos policiais resolveu mexer no lixo e achou uma conta de telefone, com o endereço: Rua Antônio Gonçalves Sobral, 57. Ele vistoriou a casa, onde estava o lixo e viu pedaços de lataria de dois Fox, de um Corola e de um Santana. No local ainda foram encontradas várias placas, algumas queimadas. As placas AWG-2322 e AIV-3022 ainda estavam em perfeitas condições. Além disso, a antena de televisão da residência foi feita com um pedaço de carro. No local, foi preso André Scarseto, com uma agenda discriminando os valores que teria que receber antes do corte. O modelo de cada carro "picado" era marcado e na frente a quantia de R$ 100,00. O rapaz marcava as datas em que realizou os serviços. De acordo com as anotações de André, ele desmontava pelo menos um carro por dia.

Outro

continua após a publicidade

Depois da prisão de André, os policiais se dirigiram para a casa indicada pela conta de telefone. "Acho que alguém avisou sobre nossa presença, porque, quando chegamos, não encontramos ninguém", desconfiava o tenente Micrute. O que chamou a atenção dos policiais foi a casa ser de madeira e em cada cômodo haver um veículo. "Acreditamos que eles tiravam as paredes para colocar os carros e, depois, colocavam as paredes no lugar novamente. Olhando de fora aparentava ser uma casa normal", comentou Micrute.

Em um dos cômodos, estava o Fox preto, ano 2004, placa AMB-9125, sem as portas, sem o capô e com o painel parcialmente desmontado, mas com os documentos em seu interior. Tudo indica que o veículo foi tomado em assalto, já que o veículo tem chave decodificada, o que impede que seja feita ligação direta. Em outra sala, estava uma Eco Sport preta, também semidesmontada. Na casa ainda foram encontradas várias peças de veículos e as placas: ALT-3613 de Ponta Grossa, e as de Curitiba DQI-7817, AJB-0372 e AJM-9069.

continua após a publicidade

Polícia identifica responsável pelo esquema e investiga autopeças

O trabalho da polícia na busca por desmanches continuou em São José dos Pinhais. Na terceira casa vistoriada, na Rua Deputado Antônio Silva Cunha Bueno, no Jardim Cristal, a polícia encontrou algumas peças de carros recortadas, quatro pneus e um maçarico (usado para cortar os carros). Lá, foi preso Antônio Marcos Cristaldo.

Os policiais também acharam uma caderneta, que, segundo a PM, pertence a um homem chamado "Negão", que seria o líder do grupo. O pequeno caderno continha dicriminados os carros encomendados para cada data. Em um único dia, na listagem constavam quinze carros.

Em conversa com os dois presos, os PMs descobriram que os carros eram levados até os locais pelos puxadores (assaltantes) e, depois, entregues a Autopeças Latino. A loja já foi fechada várias vezes pela polícia, mas reaberta posteriormente. O local foi fechado e deve ser periciado.

Um advogado, que se identificou como defensor de "Negão" e da Autopeças acompanhou o trabalho realizado pelas polícias Militar e Civil após ser estourado o terceiro desmanche.

Investigação

O chefe de investigação Altair Ferreira, da Delegacia de São José dos Pinhais, disse que após a prisão realizada pela Polícia Militar as investigações continuam com o a ajuda da PM e da Guarda Municipal. "Vamos apurar quem são as pessoas que praticavam os roubos e os receptadores finais. Além de identificar e prender outros integrantes do grupo", comentou o policial.

Altair adiantou que os policiais também estão trabalhando para identificar "Negão". "Já temos a fotografia dele. Se alguém souber do paradeiro deste homem pode entrar em contato através do telefone 3283-5868. Não é necessário se identificar", solicitou Altair.