Acusado de lesar, pelo menos, 30 pessoas, num prejuízo que já soma mais de R$ 1 milhão, o empresário curitibano Jorge Alcarde foi detido, na quarta-feira passada, em Fortaleza. Na segunda-feira ele foi recambiado a Curitiba e apresentado, pelos policiais cearenses, no 9.º Distrito Policial (DP), no Santa Quitéria, onde foi autuado por estelionato. O filho do empresário, Jorge Alcarde Filho, também teve a prisão preventiva decretada, mas permanece foragido. Ambos são donos da Top 7 Veículos, revenda de automóveis localizada na Rua Mário Tourinho, no Seminário, que fechou as portas há cerca de um mês e meio. As prisões foram solicitadas tão logo a polícia soube que a loja havia fechado.
De acordo com a delegada Soraya Mendes da Silva, titular do 9.º DP, cerca de 30 clientes registraram boletim de ocorrência, desde o final do ano passado. Todos deixaram seus veículos à venda no estabelecimento, sob consignação, e não receberam o valor após os carros serem comercializados. A loja só trabalhava com automóveis de médio valor, luxo ou importados. Há informações de que até parentes e o contador dos empresários foram lesados.
No depoimento, Jorge explicou à delegada que os problemas financeiros começaram após reabrirem o empreendimento num novo imóvel, no Seminário. Os custos com as reformas teriam sido muito altos, o que fez a empresa ?quebrar? e, conseqüentemente, encerrar as atividades. Apesar das explicações, o empresário não mostrou à polícia qualquer nota fiscal ou documento que comprovasse os gastos com as obras, alegando que era seu filho quem cuidava da parte administrativa da loja. Alega também que não pagou os clientes porque o dinheiro da venda de automóveis, que entrava, era redirecionado às dívidas e agiotas aos quais precisou recorrer. Jorge não pagava os clientes ou lhes passava cheques sem fundos.
Prisão
Jorge foi preso através de informações que chegaram à polícia do Ceará, de que ele estaria escondido na capital do estado. ?Suspeita-se que foi alguma vítima que fez investigações por conta própria e passou a informação aos policiais cearenses?, revelou Soraya. O delegado Fábio Facó, do 2.º Distrito Policial de Fortaleza, fez outras diligências na cidade, em busca de Jorge Filho, mas não o localizou. Há suspeitas que ele também estivesse foragido naquela capital, e Soraya tem a expectativa que, com o pai preso, ele se apresente aqui ou em Fortaleza. Após os calotes no Paraná, Jorge pai já estava trabalhando normalmente como vendedor, numa revenda de automóveis de Fortaleza, cidade onde tem familiares. Até o momento, não há registros de vítimas de Jorge no estado nordestino. Ele está recolhido na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).
