Uma trama fria e ardilosa, envolvendo traição, dinheiro e poder. Assim a Polícia Civil interpreta o assassinato do empresário curitibano Everson Luis Hreçai, 39 anos, morto a tiros no dia 24 de fevereiro, em Cambé. O crime teria sido encomendado pela mulher da vítima, Sônia Mara Ruthes, 35, e pelo amante dela, o comerciante Ailton Muller, 39, supostamente interessados no patrimônio do empresário. Cinco das sete pessoas indiciadas pelo assassinato estão presas naquele município do Norte paranaense.

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Everson era dono de uma empresa de revenda de borracha e acessórios para racauchutagem de pneus, sediada na Rua Itatiaia, Portão. Ele tinha negócios em Cambé, cidade que visitava freqüentemente. O crime ocorreu às 23h45, durante um churrasco na casa do irmão de Sônia, Roberval Ruthes, e de sua mulher, Rosângela Degeniski.

A primeira alegação da viúva e dos outros presentes no churrasco era de assalto. Mas alguns indícios fizeram a polícia duvidar desta versão e transferir a suspeita aos parentes. "A casa era bem segura e nada foi roubado, com exceção de uma carteira de Everson, que continha R$ 300,00", disse o delegado de Cambé, Valdir Abrahão da Silva, que comandou as investigações.

Prisão

No dia 3 último, o delegado pediu a prisão temporária de Sônia, do irmão e da cunhada dela. Dias depois, o depoimento do comerciante Jenesi Rodrigues Silva, dono de um bar em Cambé, definiu o rumo das investigações. Ele confessou ter intermediado a contratação de dois pistoleiros de aluguel, a pedido do amigo Ailton Muller, o amante de Sônia. Nelson dos Santos, foragido da Colônia Penal Agrícola de Piraquara, e Everaldo Francisco de Souza, que também tem passagem pela polícia. ambos moradores de Cambé, teriam recebido R$ 8.500,00 para matar Everson na casa do cunhado.

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A polícia descobriu que, na véspera do crime, Jenesi teve depositado este valor em sua conta bancária. "O dinheiro foi depositado por Sônia, através de uma empresa de factoring de Curitiba", explica o delegado Valdir.

No dia do assassinato, Jenesi teria entregado R$ 5 mil adiantados aos pistoleiros, e mais tarde pagado mais R$ 3.500,00. "Acreditamos que os R$ 1.500,00 restantes ficaram com o próprio Jenesi", falou o delegado.

Trama

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Valdir Abrahão aponta ainda que Ailton Muller e Sônia se conheciam há mais de 15 anos, e mantinham relacionamento amoroso. No final do ano passado, a mulher de Ailton encontrou uma foto 3×4 de Sônia na carteira do marido, e revelou o fato ao empresário curitibano. "Segundo várias testemunhas, depois disso Everson passou a agredir a mulher com freqüência", falou Abrahão. Em seu depoimento, Jenesi afirmou que Ailton teria justificado o crime dizendo que o empresário ameaçou matar a esposa e os dois filhos do casal, de 10 anos e 8 meses.