Escândalos sexuais abalam estruturas da Polícia Militar

Em apenas três meses, três escândalos sexuais abalaram as fileiras da Polícia Militar do Paraná, dois deles envolvendo coronéis e um, o mais recente, com o envolvimento de um sargento. A possibilidade de estar ocorrendo uma crise moral dentro da corporação foi negada ontem pelo comandante-geral, coronel Nemésio Xavier de França. ?São casos isolados?, disse ele, sem entrar em detalhes, justamente por ser o oficial que dará a palavra final na punição de cada um dos acusados, se os atos administrativos e os inquéritos competentes indicarem a necessidade de puni-los.

?O que posso garantir, é que todas as ocorrências estão sendo rigorosamente investigadas e em breve os resultados serão de conhecimento do público?, garantiu Xavier. Já o chefe da seção de relações públicas da PM, tenente-coronel Jorge Costa Filho, revelou que as punições podem ser desde uma simples advertência até a perda da função, o que significa expulsão da PM.

Segundo Costa, no âmbito da transgressão disciplinar, a punição é de inteira responsabilidade da corporação. Já na esfera penal, os casos são encaminhados para a Vara Militar e é um promotor de justiça quem os analisa, para depois oferecer ou não a denúncia.

Escândalos sexuais maculam a corporação

A série de escândalos começou em abril, envolvendo o então comandante da Academia Policial Militar do Guatupê, tenente-coronel João José Ramirez Júnior. Ele foi acusado por uma policial feminina de assédio sexual. Ramirez apresentou sua defesa, dizendo que tudo não passou de um mal-entendido. Porém, foi afastado das funções e está ?no corredor?, aguardando nova designação. A jovem supostamente assediada foi transferida para outra unidade e aguarda o resultado da sindicância.

Há questão de 40 dias, foi a vez do tenente-coronel Marcos de Castro Palma, que estava no comando do 8.º Batalhão da PM, em Paranavaí, se envolver em confusão. Ele estaria tendo um caso amoroso com a esposa de um capitão, seu subordinado direto. O capitão descobriu a traição e teria feito contato com Palma através do computador (pelo MSN, sistema de troca de mensagens on-line), se fazendo passar pela mulher, marcando um encontro. O coronel confirmou o encontro, entregando-se ao rival. O capitão o ameaçou de morte, fazendo com que deixasse a cidade rapidamente. A mulher de Palma, uma conhecida médica, separou-se dele imediatamente. Uma sindicância foi instaurada e está a cargo do tenente-coronel Sarmento. Palma também está afastado das funções.

O terceiro episódio, registrado em 28 de julho, teve como protagonista o sargento Paulo Roberto Ferreira de Morais, lotado na 3.ª Companhia de Castro. Ele está sendo acusado por uma policial feminina, de 22 anos, de tentativa de estupro. Ao dar uma carona para a jovem, lotada na mesma companhia, ele desviou o caminho e entrou em local escuro, para tentar agarrá-la. A policial reagiu e foi ferida no rosto. Ela fez exame de lesão corporal no Instituto Médico-Legal (IML) de Ponta Grossa e, segundo comentários de seus conhecidos, está bastante abalada com o episódio, pensando, inclusive, em abandonar a farda. (MC)

Troca desagrada muita gente

Com o afastamento do tenente-coronel Marcos de Castro Palma do comando do 8.º BPM, em Paranavaí, quem assumiu o cargo foi o major Antônio Olímpio Ramires Lima, que era o subcomandante. A troca, porém, desagradou muita gente, inclusive outros oficiais, por causa dos antecedentes do major Ramires, que, dentre outras acusações, foi apontado como um dos oficiais que chegou a intermediar venda de vagas de Medicina na Universidade de Presidente Prudente (SP), há 10 anos.

Num extenso relatório datado de abril de 2005 e assinado pelo tenente-coronel Amaro do Nascimento Carvalho, constam outras graves acusações contra o major Ramires, bem como contra o tenente-coronel Carlos Antônio de Aguiar (já na reserva), que vão desde envolvimento com desvio de dinheiro referente ao pagamento de combustíveis, ligações com estelionatários, negociações irregulares com carros e motos, apropriação de dinheiro tomado em assalto a banco.

Há dois anos, o coronel Amaro já recomendava ao Comando Geral o afastamento dos dois oficiais daquela região – ?possuidores de fichas não recomendáveis? – classificando-os na capital do Estado. (MC)

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