A denúncia da ação violenta dos chamados "pitboys" em Curitiba, que destroem bares e boates com brigas e vivem em constante troca de ameaças, publicada na edição de ontem da Tribuna, foi fruto de um trabalho investigativo de 7 meses, com a apuração de dezenas de documentos e o testemunho de pessoas que foram espancadas e outras que admitem terem espancado rivais. De tão grave a situação, donos de estabelecimentos comerciais chegaram a pedir ajuda à polícia, em documento com diversas assinaturas. Muitos dos "pitboys" foram proibidos de entrar nas boates da moda, porém, desafiam os seguranças – atacando-os – e chegam ao absurdo de agredir proprietários para imporem suas presenças. O segurança de uma boate teve o tímpano estourado por um "pitboy" ao tentar contê-lo.
Como se tratam de crimes chamados de menor potencial ofensivo, as queixas registradas em delegacias são transformadas em termos circunstanciados e encaminhados ao Juizado Criminal Especial. Quando são chamados diante do juiz, os contendores preferem fazer acordo, prometendo encerrar temporariamente a confusão, para que o caso não venha a se transformar em inquérito policial. Dessa forma, muitos dos envolvidos nas agressões dizem que foram "absolvidos". Outros, porém, chegaram a pagar indenizações aos espancados, para ressarcir prejuízos com médicos e dentistas.
Defesa
Ontem, Fábio da Rocha Piemonte, 34 anos, o "Fabião", esteve em nossa redação, para contestar informações divulgadas sobre seu envolvimento nas brigas e ligações com suspeitos de tráfico de drogas. Ele negou suas próprias declarações, feitas em novembro do ano passado, quando procurou a Tribuna para denunciar a agressão sofrida por seu amigo, o advogado Sérgio de Lima Conter Filho, 34, espancado no Zoe Bar (no Batel) por Luiz Alberto de Campos Charneski, 27, que está foragido, com prisão preventiva decretada por tentativa de homicídio. Naquela ocasião, disse que os grupos rivais eram traficantes de drogas e que inclusive havia comprado ecstasy de alguns deles. Ontem, assegurou que esta informação não é verdadeira.
Ainda em sua defesa, "Fabião" negou ter qualquer envolvimento com Frank Abitante, traficante preso na semana passada pelo 11.º Distrito Policial (CIC), com 85 gramas de cocaína que seriam vendidas em bares chiques da cidade. Disse que jamais morou com Abitante ou teve negócios com ele. Quanto às brigas em que se envolveu (e os casos de ameaças), afirma que respondeu a seis termos circunstanciados e foi absolvido em todos.
Ainda segundo "Fabião", "a briga entre os grupos rivais teria começado há dois anos, quando "Pelé’, dono da Academia Pelé Team, provocou os alunos da Chute Boxe para uma briga no Parque Bacacheri". Ele e Sérgio Conter, que é advogado da Chute Boxe, teriam ido até o parque para impedir a briga. Porém outros lutadores rivais estariam armados com um revólver, calibre 38, e fizeram com que fugissem do local. Naquela mesma noite, Sérgio Conter foi ao Dot Bar e lá apanhou de Charneski e de outros dois indivíduos que também estariam armados. Um ano depois, na boate Zoe, novamente Charneski, Nelson e Paese agrediram Sérgio Conter, fazendo com que ele ficasse hospitalizado em estado grave (coma) por vários dias.
A versão de "Fabião" é contestada por várias pessoas. Inclusive, sobre a briga no Parque Bacacheri, há lutadores que garantem que era Sergio Conter quem estava armado e com uma pistola. Também há informações de que o confronto só não saiu, porque apareceu uma viatura da Guarda Municipal e todos resolveram ir embora.
Grace
Também ontem a Tribuna foi procurada por Rodrigo Fajardo, um dos sócios da Grace Barra Curitiba, academia que dá aulas de jiu-jitsu e que foi citada na matéria anterior. Fajardo afirma: "Nossa academia tem franquia em todo o mundo. A matéria ficou muito boa, mas gostaríamos de esclarecer que nós não temos lutas de vale-tudo, apenas treinos de jiu-jitu, que é uma filosofia de vida. Nenhum aluno nosso está envolvido nessa confusão. A gente está sempre procurando saber se alunos estão brigando fora da academia e, se isso se confirma, eles são expulsos. Aqui, temos alunos que trabalham em vários ramos e que têm o jiu-jitsu como esporte. Também damos aulas para muitas crianças.
A academia Grace reprime totalmente esse tipo de comportamento, porque nós buscamos qualidade de vida e não violência."