“Ou retira-se os presos imediatamente das unidades policiais ou retiramos nossos investigadores de qualquer função que se refira a guarda de presos”. Com essa frase, o delegado Claudio Marques Rolin e Silva, vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol), mostrou a indignação com que recebeu a notícia da prisão dos nove policiais civis. Ele comparou a ação do Ministério Público (MP) com o tratamento desumano a que os investigadores de todo o estado são submetidos, cuidando de presos nas delegacias.

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Para o delegado, a prisão dos policiais foi equívoco. “Todos são servidores públicos, têm residência fixa, e estavam dispostos a atender os chamados da Justiça. Essa ação arbitrária só mostrou que as supostas vítimas de tortura, que continuam sendo suspeitas do crime, determinaram quem deveria ser preso. O critério foi o reconhecimento através de fotos, uma forma extremamente falha, pois entre os presos há policiais que nem estavam trabalhando nos dias em que eles estavam custodiados”, explicou o delegado.

Inversão

Claudio afirmou que vai protocolar, na segunda-feira, no MP, solicitação para que os policiais civis sejam tratados de forma diferente. “Vamos pedir que sejamos tratados como bandidos e não como policiais. Os bandidos tem privilégios e seus direitos assegurados, enquanto os policiais, que dedicam suas vidas para proteger a sociedade, correm risco diário de se envolver em um caso e ter a sua liberdade privada”, completou.

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O delegado, que é professor de direitos humanos da Escola Superior de Polícia Civil, disse que desumano é manter centenas de presos nas delegacias lotadas e que dessa tortura ninguém fala. “Isso é uma agressão a integridade dos presos e principalmente dos policiais civis que trabalham sob pressão, correndo risco de morte. As fugas, os arrebatamentos acontecem com frequência. Esse fardo já é levado por nós há mais de 30 anos. Precisamos mudar tudo isso”, desabafou.