Após seis meses e 25 dias, o pequeno Luan Gabriel Cordeiro, morto aos sete dias de vida, pôde ser sepultado, no final da tarde de ontem, no Cemitério do Água Verde. Luan, filho do casal Any Paula Fascolin e Nilson Moacir Cordeiro, faleceu no dia oito de julho do ano passado, e seus pais foram presos logo em seguida, no dia 12, acusados de ter abusado sexualmente do filho.
Os familiares aguardavam apenas a autorização judicial para enterrar a criança, que foi liberada junto com a soltura do casal, no dia 16 de dezembro.
Soltos, Any e Nilson iniciaram, no dia seguinte à liberdade, uma batalha burocrática para conseguir enterrar Luan. Mesmo com a liberação do juiz para o sepultamento, o IML ainda exigia uma autorização extra para emitir o atestado de óbito. Com a nova autorização, liberada anteontem, o IML exigiu mais documentos. Os advogados Luciano Cesconetto e Nilton Ribeiro de Souza, explicam que era necessária a requisição do exame de necropsia, que já havia sido entregue no Instituto. O corpo já liberado, e que deveria ter saído do IML às 15h30, só saiu duas horas e meia depois.
O sepultamento, marcado para às 17h, só ocorreu após às 18h. E o atestado de óbito, enfim liberado, tinha como causa da morte: ?na dependência de exames complementares.?
Dor
Quando o pequeno caixão branco surgiu de dentro do carro funerário, as feições dos familiares e amigos transformou-se em dor e revolta, sentimentos que não foram amenizados mesmo com quase sete meses de espera. Milse Genoveva, mãe de Any, conta que a vida do casal não voltou ao normal, e que sua filha adquiriu um trauma tão grande, que mal pode ver bebês à sua frente. ?Ainda não acredito no que aconteceu. Mesmo enterrando o Luan ainda não sinto sensação de alívio … nossas vidas nunca mais voltarão a ser as mesmas?, disse Milse.
Em abril, Any e Nilson devem passar por exames psiquiátricos, de insanidade mental. No mês seguinte deve sair a sentença do juiz Ronaldo Sansone Guerra.