Enteada diz que Jairton a violentou várias vezes

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Jairton posava de "bom moço".

Uma revelação feita na manhã de ontem à polícia, pode comprometer ainda mais a situação de Jairton Cardoso, 32 anos, apontado como o principal suspeito do duplo assassinato ocorrido no dia 19, em Colombo, quando foram mortos um garoto de 5 anos e sua babá. A enteada do acusado, de 13 anos, compareceu na delegacia do Alto Maracanã, acompanhada de uma representante do Conselho Tutelar, afirmando ter sido várias vezes violentada sexualmente pelo padrasto.

De acordo com Samira Angeloni, representante do Conselho, a denúncia surgiu na terça-feira, com a divulgação do caso do duplo assassinato pela imprensa. A menina estava passando as férias com uma "madrinha", que possui boas condições financeiras, quando as duas viram a foto de Jairton nos jornais. A adolescente contou o que passava nas mãos do padrasto, e a mulher o denunciou ao Conselho Tutelar. Na tarde de ontem, a garota foi à delegacia do município, e depôs a policiais do distrito e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Segundo ela, Jairton a violentou várias vezes, quando sua mãe saía para ir à igreja. Além dos abusos sexuais, a menina também contou que apanhava do padrasto, assim como seu irmão mais novo, de 5 anos. "Ele me dava chutes e um dia arremessou uma espécie de haste de plástico na minha cara, e no meu irmão mais novo ele também dava socos. Nos meus outros irmãos ele não batia", contou a menina.

A garota disse que chegou a contar sobre a violência sexual que sofria para sua mãe, que não creditou na história. Ela então pediu ajuda a uma tia, que apenas a levou ao médico, mantendo o crime em silêncio. Somente o garotinho de 5 anos é filho do casal, as outras quatro crianças são filhos da amásia de Jairton. Para comprovar a denuncia a adolescente será submetida a um exame de conjunção carnal no Instituto Médico legal.

"Bom sujeito"

Segundo depoimento de um mecânico, que não quis se identificar, Jairton nunca transpareceu ser uma pessoa violenta. "Nós trabalhamos juntos no carregamento de madeira por três meses e durante esse tempo, nunca o vi ter qualquer atitude violenta, nem demostrar distúrbios mentais. Para mim, ele é são e está se fazendo de louco para não ir preso", disse o mecânico.

O estado de pobreza da família do acusado fez com que o Conselho Tutelar de Colombo acompanhasse o desenvolvimento das crianças durante anos. Segundo Samira, quando o garotinho de cinco anos nasceu, ele foi levado para uma casa lar, onde morou por quase um ano. Neste período, a mãe dele ficou internada em um hospital, pelo fato de possuir distúrbios psicológicos. Os outros filhos foram morar com a avó. "Nós resolvemos devolver a criança porque apesar de a mãe ter problemas mentais, ela é muito afeiçoada aos filhos. Nós acompanhávamos a família pela carência, mas jamais por denúncia de maus – tratos", contou Samira.

A única renda da família vem da pensão por invalidez que a mãe recebe da Previdência Social, em virtude da deficiência física da outra filha, de 10 anos.

Continuam buscas por provas materiais

A equipe chefiada pelo delegado Messias Antônio Rosa, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), continua empenhada na busca de provas que materializem o bárbaro crime que Jairton Cardoso é acusado. Ontem, os policiais retornaram à casa dele, com o intuito de encontrar a arma usada no dia dos assassinatos, mas isso não aconteceu.

De acordo com o delegado, o acusado vai permanecer detido no Cope, uma vez que suas informações são necessárias para a conclusão do inquérito policial. "Nós ainda precisamos encontrar a arma e investigar a versão de que outra pessoa estava envolvida no crime", contou o delegado.

Até o momento, a única prova material que pode revelar a autoria das mortes são as roupas manchadas de sangue, encontradas na casa de Jairton. O material foi levado ao Instituto de Criminalística, onde as amostras serão confrontadas com o material genético de Josiane Taborda de Oliveira, 14 anos, e Vinícius Nascimento Félix, 5, ou de seus pais. O laudo deve ser concluído até sexta-feira.

Cabo de faca

Os policiais tinham a expectativa de coletar as impressões digitais da faca usada por Jairton, porém isso não será possível. No dia do crime, a faca quebrou e apenas a ponta, também manchada com o sangue da garota, foi encontrada. O cabo desapareceu. No dia seguinte, parentes dos pais do menino juntaram todos os pertences da família, uma vez que o casal foi morar em Ubiratã, no inteiro do Estado. Isso alterou o cenário do crime, descartando a chance de encontrar o cabo.

Hoje, o pai do menino, José Lenir Felix, será ouvido na delegacia do município. A mãe, Roseli Aparecida do Nascimento, deve permanecer no interior junto com seus familiares. Quanto a Jairton, ele deverá ser encaminhado, com o fim das investigações, a uma das casas de custódia do Estado. Por incrível que pareça, o homem que confessou ter estuprado uma garota e assassinado um homem a golpes de foice há alguns anos, não tem nenhum antecedente criminal registrada no sistema de informações da polícia.

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