Automóveis foram prensados por veículos pesados. |
Um engavetamento gigante envolvendo 14 veículos deixou duas pessoas mortas, outras duas feridas com gravidade e fechou uma das pistas da BR-277 por quatro horas, ontem de manhã. A seqüência de colisões traseiras e capotamentos ocorreu às 8h30, no quilômetro 136 da rodovia, em Campo Largo, sentido Ponta Grossa a Curitiba, perto da praça do pedágio de São Luiz do Purunã. A forte neblina no local foi uma das causadoras dos acidentes.
Os veículos envolvidos na colisão inicial não foram identificados pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE). Segundo outros motoristas acidentados, um caminhão bateu em um automóvel, possivelmente um Corsa, e parou no meio da pista. Em seguida outros carros colidiram sucessivamente atrás daqueles que estavam parados. “A visibilidade era zero por causa da neblina”, disse o tenente Rodrigo de Mauro, da PRE. Envolveram-se no engavetamento seis caminhões – três deles incendiaram – e oito carros de passeio – alguns deles, como um Fiat Estrada e um Honda Civic, capotaram.
O caminhão Scania 113, LZF-6367, sem carga, de Curitibanos (SC), foi outro envolvido no acidente. O motorista Nílson Sacramento, 38 anos, disse que bateu atrás de um “triminhão” (caminhão articulado com duas carretas). “Eu era o quinto da fila de batidas. Foi uma questão de segundos, não deu para frear”, falou.
Fogo
Atrás dele engavetou o caminhão Scania “Jacaré” 110, placa CZP-4402, de Cambé, que vinha de Londrina carregado de farelo de soja. O veículo pegou fogo aos poucos e o passageiro Márcio Roberto Barbosa, 28 anos, foi um dos dois feridos – ele sofreu fratura no tornozelo e recebeu atendimento da concessionária Rodonorte, sendo levado até o Centro Médico de Campo Largo. O motorista da Scania, Oscar de Carvalho, 50 anos, saiu ileso e disse que bem antes de Ponta Grossa já enfrentava a forte neblina. “Vinha a 60 km/h, e quando vi estava tudo parado”, relatou.
Na traseira do caminhão de Oscar colidiu o caminhão de Aírton Batista, 43 anos, uma das vítimas fatais. A Mercedes-Benz que ele dirigia – placa ABI-4314, de Apucarana – se incendiou, matando-o carbonizado. Em seguida, chocou-se outro caminhão, cujo condutor também morreu queimado. Placa, modelo do veículo e identidade desta vítima não foram apurados, devido a destruição total do caminhão.
Queimado vivo
A outra vítima socorrida pela Rodonorte foi Valdemir Aparecido Casonato, 28 anos, motorista do caminhão Volkswagen 790, placa AGU-0735, de Cornélio Procópio. Ele sofreu lesões leves. Segundo o médico Miguel Martins, que coordenou o resgate dos feridos, outras pessoas sofreram ferimentos leves escoriações e receberam medicação no local. Outra pessoa atendida pela Rodonorte foi o filho do caminhoneiro Aírton Batista, cujo nome não foi divulgado. O jovem, que ficou em estado de choque, era passageiro do caminhão e conseguiu saltar do veículo após a colisão – sorte que o pai não teve. Aírton ficou preso nas ferragens e foi queimado vivo na cabina.
Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para apagar as chamas nos caminhões incendiados. Enquanto os veículos eram guinchados, funcionários da Rodonorte varriam da pista pedaços de carroceria e restos das cargas sinistradas (um dos veículos transportava formulários de papel). A PRE espalhou muita serragem no asfalto para deixá-lo menos liso e permitir o prosseguimento do tráfego. “Nunca havia vista um engavetamento deste tamanho”, comentou o policial rodoviário Durval Tavares Júnior.
A BR-277 só foi liberada às 12h30, quando a fila de veículos já atingia cerca de 20 quilômetros. Todos os dados recolhidos pela PRE e pela perícia da Polícia Científica serão levados à Delegacia de Campo Largo, responsável por investigar as causas do acidente.