Walter Alves
Apenas 12 conseguiram se formar, de um total de 60 inscritos.

Após 54 dias de sofrimentos e superações, de aprendizado e prática, chegou ao fim o mais difícil curso de aperfeiçoamento em ações táticas policiais, ministrado pelo Comandos e Operações Especiais (COE) do Batalhão de Choque da PM do Paraná. Apenas 12 ?sobreviventes? conseguiram terminá-lo, dos 60 policiais que haviam se inscrito. Entre risos, abraços, lágrimas e gritos de guerra, os alunos comemoraram o término – ontem pela manhã – destruindo o sino onde eram dependurados os bonés daqueles que desistiam ao longo das instruções. Como um fantasma, o sino os acompanhou dia e noite, em todos os momentos, servindo de ameaça e incentivo nas horas mais difíceis.

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A última semana do COE foi pesada. Desde segunda-feira o grupo estava envolvido em uma seqüência de ações simuladas, todas de risco e muita tensão. Passaram por simulador de tiro, na Academia Policial Militar do Guatupê (APMG), depois resgate de refém no Edifício Tijucas (onde demonstraram técnicas de rapel), no centro de Curitiba. Posteriormente desceram -também de rapel – os 110 metros da torre da Brasil Telecom (antiga Telepar); passaram por simulações de resgate de policial ferido em tiroteio; de indivíduo com tendência suicida que armado ameaçava outras pessoas; encerraram o aprendizado de defesa pessoal na Academia do Noguchi; e por fim passaram a última noite negociando com bandidos fictícios para libertar uma mulher seqüestrada.

Às 8h30 de ontem, terminando a última missão – e ainda sem saber que o curso estava chegando em seu final – os 12 homens foram levados para um banhado e obrigados a correr por mais de uma hora. Exaustos e molhados – vestiam só a calça do fardamento e o coturno – foram colocados em forma no pátio da APMG, de frente para o sino da desistência. Quatro instrutores passaram então a desafiá-los a tocar o sino, enquanto lhes impunham mais provas físicas, convidando-os a desistirem. Em meio à pressão, surgiu o helicóptero usado em vários treinamentos, com dois policiais dependurados em cordas, exibindo uma grande faixa: ?Fim COE 2006?.

A emoção tomou conta dos exaustos alunos, cujas forças já estavam visivelmente no final. A Banda de Música da PM entrou em ação e animou o encerramento. Três dos policiais, pagando promessas, ainda se aventuraram em fazer mais algumas dezenas de flexões e depois, em forma, os 12 apresentaram-se ao comandante do Batalhão de Choque, major Fadel, que os saudou e parabenizou pela conquista, lembrando que aquela tropa estava formada por superpoliciais. Mais tarde o grupo foi recebido pelo comandante geral, coronel Nemésio Xavier de França (que lembrou ter feito o mesmo curso há 30 anos), e pelo chefe do Estado Maior, coronel Betes, já no quartel do Comando Geral.

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Às 22h30, como prêmio, eles viajaram para Foz do Iguaçu, de onde retornarão na terça-feira. Na quarta, pela manhã, acontecerá a solenidade de formatura. O aluno destaque foi o policial sul-mato-grossense Douglas dos Santos Ferreira – o número 19 -, que terminou em primeiro lugar. A nota triste foi a desclassificação do policial que levava o número 23. Ele não conseguiu atingir a média 7 (exigida em todas as disciplinas) na matéria de tiro tático.

A Tribuna acompanhou todo o desenrolar do curso, emocionando o leitor com matérias especiais que demonstraram o grau de dificuldade a que são submetidos os policiais que desejam envergar a farda mais cobiçada da corporação. Ainda estaremos acompanhando as atividades do COE até o dia da formatura.

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