Cansado de brigar na Justiça, reclamar junto ao Procon e indignado com a atitude dos donos da concessionária de veículos Toyota Sulpar, o empresário Carlos Elias Antun resolveu fazer um protesto em via pública. Ontem, ele passou a tarde com sua Land Rover, comprada há um ano e meio e que nunca funcionou, em frente à concessionária, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, com uma faixa explicando o motivo da revolta. “A Justiça é muito lenta, o Procon não fez nada por mim e os proprietários da loja ainda riem na minha cara”, desabafou Antun.
Munido de documentos e com o número do processo judicial em mãos, o empresário explicava sua história a todos os curiosos que paravam para perguntar o motivo do protesto. Em junho do ano passado, ele adquiriu a Land Rover Defender, ano 1993, na concessionária. A loja ficou com dois veículos dele como entrada no negócio – um jipe Bandeirantes e um VW Quantum. Antun assumiu ainda um financiamento de três anos, com prestações mensais de cerca de R$ 800,00, junto a uma financiadora. Já pagou 14 parcelas, só que o carro nunca funcionou e a concessionária não se responsabilizou pelo “mico”.
Conserto
Antun contou que ao fechar o negócio e sair da loja dirigindo o carro, tomou a direção da BR-116 para buscar o filho na escola. Não chegou a rodar dois quilômetros e a Land Rover pifou. Desde então, o empresário vem vivendo uma verdadeira “via-crucis” em busca de solução para o problema. “Na oficina autorizada Land Rover, me informaram que o conserto custaria R$ 16 mil. O carro tem problemas sérios de motor. Me venderam um veículo bichado e sabiam disso”, relatou.
Para provar que a concessionária sabia dos problemas, Antun disse que conseguiu localizar o proprietário anterior da mesma Land Rover. “O sr. Antônio do Carmo, de Paranaguá, passou pelo mesma situação. Ao comprar o carro, na mesma loja, não conseguiu andar com ele. Voltou, reclamou e então empurraram um Corolla para ele, dando um valor superfaturado. Ele acreditou que estava sendo beneficiado, mas dias depois, ao verificar o valor do Corolla, viu que tinha sido lesado”, explicou.
Prejuízos
Antun disse que já teve imensos prejuízos financeiros e morais por causa do veículo estragado. Ele é dono de uma pousada no litoral de Santa Catarina e havia adquirido o carro para transportar hóspedes do aeroporto de Florianópolis para a pousada. “Estou tendo que pagar vans para fazer o transporte dos meus clientes, pois anuncio que a pousada oferece o serviço de ‘transfer’ e não posso decepcionar os hóspedes que vêm de longe. Além disso, há o prejuízo moral, pois todo o meu material publicitário anunciava transporte em uma Land Rover. As pessoas chegam, vêem aquelas vans contratadas e pensam que estão sendo enganadas”, desabafou.
Além disso, para não perder o carro para a financiadora, Antun vêm pagando todas as prestações – 14 até agora – que só terminam em julho de 2004. “De tanto ficar parada, a Land Rover já está apodrecendo”, lamentou o empresário, lembrando que só em custas judiciais já gastou quase R$ 3 mil. Ontem, o veículo foi levado de guincho para a frente da concessionária.
Ação
A ação que Antun moveu, com o advogado Alceu Schultz, está correndo na 1.” Vara Cível. O processo n.º 71801/2001 é contra os proprietários da concessionária Toyota Sulpar. Segundo o empresário, houve uma primeira audiência, quando “eles simplesmente riram da minha cara dizendo que não vão fazer nada”, contou. A próxima audiência está marcada para maio do ano que vem.