Empresário executado foi denunciante na CPI

O coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), promotor Ramatis Fávero, confirmou ontem que o empresário Thierry Cassab Cipullo, 23 anos, foi ouvido naquele órgão em junho de 2000, ocasião em que denunciou policiais civis por corrupção, tráfico de drogas e outros ilícitos. Na época, Thierry também abriu mão do sigilo

bancário, fiscal e telefônico, colocando todas as informações à disposição do Ministério Público para viabilizar as investigações referentes às denúncias por ele formuladas. Para a família do rapaz – encontrado morto a tiros no porta-malas de um BMW, no sábado à tarde – tais denúncias poderiam ser o motivo do assassinato.

A mãe de Thierry, Sônia Cassab Cipullo, diz crer que o crime se tratou de “queima de arquivo”. Já a polícia não descarta outras hipóteses, como dívidas ou vingança. O jovem empresário contava com diversas passagens pela polícia, a maioria por estelionato e já estivera preso por 10 meses na carceragem da Divisão de Narcóticos. Segundo consta, ele costumava fazer negócios ilícitos de compra e venda de carros, usando carteiras de identidade falsificadas.

Homicídios

Enquanto a PIC mobiliza suas equipes especiais para auxiliar nas investigações e apurar fatos relacionados às denúncias feitas por Thierry há dois anos, a Delegacia de Homicídios dá continuidade às suas diligências. Ontem a empresária Vilma Lopes Trevisan, 37 anos, e seu filho, de 17, foram ouvidos na especializada. Uma dia antes de Thierry desaparecer (ele sumiu na noite de quinta-feira, após atender o celular e sair apressadamente), Vilma e o filho tiveram uma discussão com a vítima e foram ameaçados de morte.

Vilma era fornecedora de queijos para as pizzarias de Thierry e do pai dele – Marcos Antônio Cipullo -, situadas no Jardim Schaffer e no Juvevê. Ambos estavam devendo para ela R$ 20 mil. Na quarta-feira, depois de muitas tentativas anteriores, mãe e filho quiseram mais uma vez cobrar a dívida, mas foram ameaçados com um revólver.

Logo após a localização do cadáver de Thierry, aventou-se a possibilidade de ele ter sido assassinado por causa da discussão com os fornecedores, fato desmentido ontem por Vilma e pelo adolescente. Ambos garantiram à polícia que jamais portaram ou possuíram uma arma e depois daquela discussão não tiveram mais nenhum contato com o empresário.

Ainda hoje, o delegado José de Deus, responsável pelo caso, deverá expedir intimação para a mulher de Thierry, Isabela Cristina da Silva, que está grávida de 4 meses. Através dela, o policial pretende buscar detalhes da vida do empresário que possam levar ao esclarecimento do crime.

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