Na quinta-feira (5), o Ministério Público do Paraná denunciou 13 envolvidos em esquemas de aliciamento de crianças e adolescentes de Londrina em programas sexuais. No mesmo dia, a 6ª Vara Criminal ouviu as testemunhas de acusação no processo em que é réu o empresário Walid Kauss, suspeito de pagar programas com adolescentes da cidade. Outras duas aliciadoras, que também integram os novos processos, são rés junto com ele por supostamente intermediar programas com jovens da cidade.

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Como já declarou publicamente, o empresário voltou a confirmar os programas e repetiu o que pensa sobre os casos: “Eu era solteiro e os programas aconteceram há quatro ou cinco anos. Não faço parte de crime organizado e não tenho porque estar no Gaeco”, afirmou na saída da audiência. O réu disse esperar ser inocentado e avisou que, quando o processo acabar, a sociedade londrinense “vai ficar surpreendida” com o que tem a revelar. “Por enquanto, o processo não acabou”, esquivou-se. Quando Kauss foi preso – sendo solto em seguida – um dos seus advogados considerou o envolvimento dele com prostituição juvenil como uma mera “questão moral”. Defendeu que o empresário não cometeu crime porque “não forçou ninguém a nada”.

Interpretação machista

A tese de que o pagamento por relações consentidas entre clientes e as garotas aliciadas não configura crime foi considerada como “absurda e machista” pela promotora dos casos. “Somente uma interpretação machista dos fatos nos levaria a pensar [os programas] como se fossem exercício de alguma espécie de liberdade”, disse Suzana de Lacerda.

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Segundo ela, a afirmação do réu não revela uma verdade: a de que as prostitutas maiores de idade são atraídas desde adolescentes para o sexo em troca de pagamento. “As meninas começam com 13 anos e passam pela adolescência e pela fase adulta exatamente nessa condição”, contestou.

De acordo com Suzana de Lacerda, a defesa dos réus tenta derrubar os argumentos da Promotoria alegando que as vítimas não se lembram do dia e hora exatos em que as relações sexuais aconteceram: “Não é como um crime comum de furto ou roubo onde é possível precisar tudo. São crianças e adolescentes que não marcam no calendário o dia em que as coisas aconteceram nem quando são explorados. As provas são muito claras”, afirma.

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