Em sete anos, policiais do COE libertaram 18 reféns

Em sete anos de negociação com seqüestradores, assaltantes e presos rebelados, o grupo para gerenciamento de crises do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar do Paraná, libertou 18 reféns sem qualquer registro de morte. Como não é comum casos de seqüestro no Paraná, o grupo só precisou intervir em sete operações, média de uma por ano.

Os quarenta policiais que compõe o grupo recebem treinamentos específicos de negociação e atuação em situações críticas, alem de participarem de cursos ministrados por agentes do FBI, a polícia especializada dos Estados Unidos. “Hoje não se admite uma polícia sem um grupo especial para as situações de crises envolvendo reféns”, avaliou o tenente Roberto Sampaio Araújo, que atua como negociador há cinco anos. “Não se pode simplesmente entrar atirando em uma situação tão delicada”, completou o tenente, que além do treinamento especializado também participa do primeiro curso de pós-graduação em tratamento penal, promovido pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná.

Equipe

Um negociador de conflitos precisa ter facilidade para trabalhar em equipe, além de capacidade de persuasão e muita paciência para conquistar a confiança do seqüestrador, relatam os policiais especializados. “Dialogar não é negociar. Há risco de fracassar se diante de uma crise não houver um policial capacitado”, reforçou o tenente Araújo.

O grupo tático que apóia os negociadores é formado por um técnico em explosivos, atiradores de elite e especialistas para operações com vítimas e reféns que estão em prédios, veículos, barcos ou aeronaves.

O negociador tem ainda a ajuda de mais dois policiais para o diálogo com o seqüestrador. A decisão em caso de uma ação mais drástica, como a invasão de um cativeiro ou a atuação de atiradores de elite, é tomada pelo comandante da operação, que consulta todos os profissionais envolvidos no caso.

Início difícil

Um exemplo de confronto negociado positivamente pelo grupo especial da Polícia Militar aconteceu em 2000, no município de Bocaiúva do Sul. Uma quadrilha com três pessoas entrou em confronto com a polícia durante um assalto a banco. Conseguiu fugir, invadiu uma casa e fez três pessoas como reféns. O grupo especial de gerenciamento de crise entrou em ação e, depois de dezoito horas de tensa negociação, todos os reféns foram libertados. Os assaltantes também se renderam.

Outro caso marcante aconteceu no ano passado, em Curitiba. Depois de uma audiência no Tribunal de Pequenas Causas, uma das partes envolvidas perdeu o controle, sacou um revólver e tomou três reféns. Com a participação do grupo especial da Companhia de Polícia de Choque, todos foram libertados. “Os primeiros minutos são terríveis. É quando se tenta baixar a tensão do criminoso, que geralmente está agitado ou afetado emocionalmente. Um negociador improvisado não está preparado para o estresse. É preciso muito profissionalismo”, explicou o tenente Araújo.

Entre os principais causadores de conflitos e crises estão assaltantes, pessoas abaladas psiquicamente e terroristas. Nesse último caso, o negociador ganha tempo e prepara o terreno para a atuação do grupo tático. “Casos clássicos, como o de Goioerê, na década de 80, poderiam ser solucionados mais rapidamente com a atuação de um grupo especializado em negociação”, comentou. Na época, um assalto a banco terminou com a quadrilha deixando reféns presos em uma casa durante uma semana.

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