Ao ser interrogado pelo juiz Marcelo Granado, da 7ª Vara Criminal Federal, o tenente do Exército Vinicius Ghidetti de Moraes Andrade reafirmou que sua intenção ao levar os três jovens da Providência para o morro da Mineira era de apenas dar-lhes "um susto".

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 Pelo seu relato, não estava previsto entregar Wellington Gonzaga da Costa Ferreira, de 19 anos, David Wilson Florenço da Silva, de 24, e Marcos Paulo Rodrigues Campos, de 17, para os traficantes.

"Houve um encontro fortuito, tanto que ficamos assustados. Por isto, o sargento Maia foi até eles para explicar que não era nenhuma operação. E que só queríamos dar um susto nos três, que tinham nos desacatado". Segundo o interrogatório, os traficantes então sugeriram que lhes fossem entregue os rapazes, o que acabou acontecendo.

Ghidetti foi muito questionado por Granado sobre sua falta de coerência. Primeiro, ele tentou dizer que não pretendia desobedecer ordens do superior – o capitão Laerte Ferrari Alves. "Fui formado na academia e aprendi que se deve obedecer ordens dos superiores. Eu queria dar um susto. Queria deixá-los com cagaço". O juiz quis saber se foi na academia que ele aprendeu a dar "sustos" nas vítimas. E ele não teve explicações.

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No momento em que, atendendo ao juiz, fez um relato de sua vida, o tenente Ghidetti não conseguiu segurar o choro ao lembrar que casou-se há seis meses e teve um filho há dois. Mas, em parte alguma do interrogatório, mostrou-se arrependido. Apenas insistiu que não imaginava o fim que os jovens acabaram tendo.

Granado cobrou coerência nos depoimentos: "Não caí de pára-quedas nessa cadeira. Não fui criado em apartamento do Leblon. Não soltei pipa em ventilador, nem joguei bola de gude em carpete. Sou da zona norte, portanto, quero coerência nos depoimentos".

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Ghidetti está sendo interrogado, neste momento, pelo Ministério Público. Ele admitiu às promotoras que viu os rapazes começarem a apanhar na base do morro.