A “quadrilha da dinamite” foi persistente e na terceira tentativa conseguiu explodir o caixa eletrônico do Bradesco, dentro do Auto Shopping Curitiba, na Linha Verde, Tarumã, na manhã de ontem. Duas funcionárias ficaram feridas. De acordo com o Sindicato dos Vigilantes (Sindivigilantes), esta foi nona explosão registrada neste ano em caixas da capital e região metropolitana.
De acordo com a polícia, os suspeitos estiveram no local na noite de sexta-feira e, novamente, por volta das 23h de domingo, mas não usaram explosivos suficientes. Apenas a frente da máquina ficou chamuscada. O bando voltou por volta das 8h de ontem, e três homens armados renderam um rapaz que chegava para trabalhar. Eles invadiram o Auto Shopping e pegaram as armas dos dois seguranças que abasteciam o caixa. Os marginais roubaram coletes e armas e obrigaram todos a se deitarem no chão.
Demais
Os ladrões detonaram explosivos ao redor do caixa, juntaram todo o dinheiro que puderam e fugiram. De acordo com testemunhas, a estrutura do estabelecimento e o chão tremeram com a explosão. Algumas peças foram arremessadas a mais de 30 metros e seis veículos tiveram danos significativos e vários outros sofreram avarias.
Funcionários da prefeitura, que trabalham na obra da Linha Verde, ouviram o estrondo e viram os bandidos saírem caminhando calmamente, carregando mochilas nas costas. A polícia acredita que um carro, com comparas, esperava por eles em uma rua próxima.
A funcionária da limpeza Janete da Rocha, 33 anos, feriu as pernas com estilhaços da explosão. Ela e Neide Aparecida Beltran, 44, que trabalha na portaria e machucou o ombro, foram encaminhadas pelo Siate ao Hospital Cajuru, mas passam bem.
Equipes procuram por pistas
Fernanda Deslandes
Várias equipes policiais estiveram no local buscando pistas da quadrilha. Restos dos explosivos foram recolhidos pelo Esquadrão Antibombas, do Comando de Operações Especiais (COE), e pelo Instituto de Criminalística, que devem ajudar a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) nas investigações. A polícia analisa as imagens captadas pelas câmeras de segurança do shopping para tentar identificar os bandidos.
Para o delegado Guilherme Rangel, da DFR, não é apenas uma quadrilha que pratica esse tipo de crime. As explosões começaram a preocupar depois que, em junho do ano passado, mais de 75 quilos de explosivos foram roubados de um paiol, em Almirante Tamandaré.
Comércio quer bancos longe
Giselle Ulbrich
O risco de ter seus estabelecimentos danificados por explosões e arrombamentos, e arcar com o prejuízo, está levando comerciantes a não aceitar mais a instalação de caixas eletrônicos. Outros, que já possuem os terminais, estão pedindo a retirada dos equipamentos. Esta é a constatação do presidente do Sindicato dos Vigilantes, João Soares.
“O seguro paga o dinheiro que estava armazenado e a reforma do terminal eletrônico. Já os estragos no comércio os bancos não pagam”, explicou Soares. Ele explicou que, em Santa Catarina, a Secretaria da Segurança Pública, a Promotoria de Justiça e o Exército firmaram convênio para intensificar a fiscalização na venda e utilização de explosivos.
Confira a galeria de fotos do crime e o vídeo da explosão.