“Ele era um rapaz bom, não merecia isso”. Essa foi a lástima de Maria Lúcia Alves Rodrigues sobre a morte de Marcelo da Silva, o “Marcelão”, de aproximadamente 40 anos. O corpo do homem, morador do Novo Mundo, em Curitiba, foi encontrado no rio Formosa, no mesmo bairro onde vivia, bem próximo à ponte na rua Doutor Luiz Losso Filho. Segundo os peritos do Instituto de Criminalística, não foram encontradas perfurações e, por isso, tudo indica que seja um caso de afogamento.

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Chocada, a tia do homem estava em choque. “Eu não se como vou contar isso pra minha irmã. O meu sobrinho caçula, Rafael, irmão do Marcelo, morreu há uma semana. O outro irmão dele morreu quatro anos atrás de esclerose. E agora isso. Ela está à base de remédios e não vai aguentar mais essa”, conta a mulher, que se identificou apenas como Bernadete. Ela também revelou que Marcelo tinha sido agredido na noite dessa sexta (5). “Ele esteve na casa do filho dele e estava com o rosto todo machucado. Aí foi chamado o Siate, mas como a ambulância não veio, ele decidiu ir embora e depois sumiu”. Apareceu na manhã deste sábado.

No local o comentário era de que Marcelo tomava remédios controlados e misturava com bebidas alcoólicas. “Ontem ele estava bem alto, sentou pra conversar comigo na frente de casa e disse que estava com saudades do Rafinha. Ele disse: agora a gente tem que rezar pra Deus dar um bom lugar pra ele, né? Estava bem tristinho”, lembra Maria. “Todo mundo aqui gostava dele porque ele bebia, mas não fazia mal a ninguém”, complementa outro morador da região.

“A informação da perícia é de que ele estava alcoolizado e pode ter tentado atravessar o córrego ou caiu da margem”, esclarece o investigador André Galvão, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Foto: Aniele Nascimento.
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A vizinhança

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Dezenas de pessoas se acumulavam para ver o cadáver do “Marcelão”. Eram mães com filhos pequenos no colo, idosos, jovens. “Vai nessa, mano. Continua nessa vida que cê tá levando que o próximo é você”, ironizou um rapaz para um adolescente que não aparentava ter mais de 15 anos de idade. “Eu não tenho nada com isso, não”, se defendeu o menino e saiu rindo, abrindo espaço para um homem de cabelos pintados que comia um pastel de carne. Entre uma mastigada e outra, ele dizia: “Nossa, eu não acredito nisso”. Inacreditável mesmo era toda aquela cena em torno do morto.

Para a vizinhança, o caso parecia um espetáculo à parte. O rio extremamente mal cheiroso e poluído era o palco. O público se empilhava sobre a ponte e o show era vida perdida. O figurino simples de Marcelo – calça e camiseta pretas –, marcou o seu último ato. E as cortinas se fecharam quando o corpo dele foi recolhido pelo Instituto Médico-Legal de Curitiba.