Égua de carrinheiro desmaia no ?trabalho?

Mais um caso de abuso contra os animal foi registrado ontem à tarde, em Curitiba. Uma égua que puxava o material de um carrinheiro caiu desmaiada na Rua Rocha Pombo, esquina com Rua Campos Sales, no Juvevê. O incidente chamou a atenção de moradores da região. O carrinheiro João Maria de Quadros, morador no Centenário, contou que deixou o animal amarrado em uma placa de trânsito enquanto pegava papéis nas proximidades. Ao voltar, a égua estava caída na rua, com muita gente ao redor. Um veterinário, especialista em animais de grande porte, que passava pelo local, disse que o animal estava com claros sintomas de desidratação, desnutrição, anemia e maus-tratos.

Quadros contou que comprou a égua, batizada de ?Boneca?, há um mês, e que negociou por R$ 3 mil a carroça completa, incluindo o animal, valor que pagará em parcelas de R$ 200,00 por mês. Ele afirmou que cuida bem dela, dando comida e água, soltando-a todas as noites num terreno pertencente à Sanepar, no Centenário. Garante que há um ?puxadinho? para o animal se proteger do frio e das tempestades. Também alegou que, da média de R$ 200,00 a R$ 340,00 que ganha mensalmente, recolhendo materiais recicláveis, R$ 140,00 são para cuidados com a égua: milho (dois quilos a cada dois dias), ração (dois quilos, a R$ 26,00, por semana), e as ferraduras (trocadas semanalmente).

Desmaio

?Quando eu atravessei a rua para pegar os papéis, ela começou andar de ré, puxou a corda e se sufocou?, alegou Quadros. As pessoas que se aglomeraram tentaram ajudar. Ofegante, com a boca sangrando e a língua para fora, a égua conseguiu se levantar. Os curiosos então lhe deram água. Ela bebeu um balde e meio e ficou por quase uma hora comendo o gramado em que foi deixada, demonstrando muita fome. Por conta disso, os moradores da região chamaram a Polícia Militar, que fez um boletim de ocorrência de crime ambiental. O boletim deve ser encaminhado à Delegacia do Meio Ambiente.

O policial que atendeu a ocorrência não quis dar entrevista. Já os moradores contaram que ligaram para o telefone 156, da Prefeitura de Curitiba, na tentativa de encontrar alguém que pudesse socorrer o animal. ?Mas eles disseram que não poderiam atender porque a égua não estava obstruindo a via?, contou um dos moradores.

Lei protege

Mara Andrich

A lei municipal 11.381, de 2005, disciplina as normas de tráfego de veículos de tração animal em Curitiba. A lei diz que ?os animais de tração deverão ser mantidos em perfeitas condições de sanidade? e ?deverão periodicamente ser submetidos a exames realizados pela Secretaria Municipal de Saúde?. A lei diz ainda que cabe à Urbs ?fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas?. A Urbs é responsável pela emissão da habilitação para condução do veículo de tração animal, que o carrinheiro não possuía.

Quadros afirmou que cuida bem do animal. ?Maus-tratos não é somente bater e judiar do bicho. Esse animal, que deve ter em torno de 15 anos, está com visíveis sinais de que não estava recebendo a atenção necessária?, revelou o veterinário.

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