Um duplo homicídio, na Vila Pantanal, Alto Boqueirão, por pouco não terminou em tragédia maior, na madrugada de ontem. O pintor Guilherme João Lisboa Júnior, 29 anos, e Rogério Batista Damasceno, 26, o ?Urso?, foram assassinados a tiros dentro da residência situada na Rua Maria Marques de Camargo. Depois de mortos, ainda foram arrastados até o jardim da casa. Ana Paula, companheira de Guilherme, acordou com os gritos e tiros e ficou quieta, trancada no quarto com os três filhos do casal. Possivelmente, se tivesse saído do quarto e reconhecesse os bandidos, poderia também ser morta.
De acordo com dados levantados pela Delegacia de Homicídios (DH), Guilherme pouco parava na residência, porque já havia sido jurado de morte. O amigo dele, Rogério, há pouco tempo residia ali com a família. Por volta das 2h de ontem, relatou Ana Paula à polícia, ela dormia com as três crianças quando foi acordada pelos gritos. Guilherme e Rogério estavam na sala, quando foram surpreendidos por dois ou mais homens. Com medo, a mulher permaneceu no quarto para proteger as crianças.
Quando tudo silenciou, Ana Paula saiu para ver o que ocorria. Apesar de ter ouvido os gritos e tiros vindos da sala, os corpos estavam no jardim. Foram arrastados pelos matadores, como mostravam as marcas de sangue pelo chão, os ferimentos nos corpos das vítimas e as calças de ambos arriadas. Ana Paula não viu quem cometeu o crime e também não faz idéia do motivo.
Drogas
Ainda de acordo com a mulher, Guilherme era dependente químico e tinha dívidas com traficantes do bairro. Há cerca de dois meses, alguns homens já tinham invadido a casa, porém, Guilherme conseguiu escapar. Junto aos corpos o perito Elmir, do Instituto de Criminalística, recolheu um projétil calibre 38 e um cachimbo, usado para fumar crack.
No sistema de informações da polícia, os investigadores descobriram que Guilherme respondia vários inquéritos. Conforme Ana Paula, a vítima passou 10 anos presa por roubo, mas já tinha cumprido sua pena e gozava de liberdade. Mesmo assim, existiam dois mandados de prisão contra ele: um de 2005 e outro de 2006, expedidos pela 5.ª Vara Criminal de Curitiba, num processo criminal por furto, em que outras duas pessoas também são apontadas como autoras. Rogério, ao contrário, tinha a ficha limpa e, segundo os investigadores, pode ter morrido ?de graça?, apenas por estar na companhia de Guilherme.