Duas execuções no intervalo de uma hora e meia calaram os moradores da favela do Parolin, na noite de quarta-feira. Geová Antônio Arnunes, 37 anos, e um desconhecido identificado apenas pelo apelido de "Neguinho" foram mortos a tiros e a polícia ainda não tem pista dos assassinos. O primeiro crime aconteceu às 21h na Avenida do Canal, e o outro, às 22h30 nas proximidades da Rua Augusto de Mari.
Geová foi executado com um tiro na nuca e seu corpo encontrado na Avenida do Canal, próximo à rua Rubens Elke Braga. O outro crime ocorreu em um beco na Rua Augusto de Mari, onde "Neguinho" foi executado com tiros de pistola calibre 380, no peito, na barriga e no braço.
Geová, a primeira vítima, morava na Avenida do Canal e tinha várias passagens por tráfico de drogas, o que leva a polícia a acreditar que traficantes deram a sentença de morte ao rapaz.
Policiais da Delegacia de Homicídios e militares do Projeto Povo do Parolin estiveram no local, mas apuraram poucas informações sobre o que aconteceu. Os policiais acreditam que Geová tentou fugir dos criminosos e acabou entrando no labirinto formado pelas ruelas e becos da favela, o que o tornou alvo fácil para os bandidos. Junto ao corpo de Geová, peritos do Instituto de Criminalística recolheram cinco projéteis.
Drogas
O superintendente da Delegacia de Homicídios, Miguel Gumiero, disse crer que os dois crimes foram motivados pelo tráfico de drogas. "Ainda não sabemos quem é a vítima nem se tinha antecedentes. Quanto a Geová, já tinha passagem pela polícia. Estamos investigando os dois casos e não descartamos a possibilidade dos autores serem os mesmos", argumentou o policial.
Os corpos das vítimas foram levados ao Instituto Médico Legal (IML). Até a tarde de ontem, somente familiares de Geová compareceram para fazer a liberação, mas preferiram não comentar sobre o crime. A outra vítima permanecia sem identificação.
Beco do tráfico
O local onde Geová foi morto é conhecido da Polícia Militar que faz batidas constantes para coibir o tráfico de drogas. O mocó, em frente ao qual ele caiu, costuma ser freqüentado por travestis, prostitutas e usuários de drogas. "Sempre tem gente aqui, só hoje que não", disse o soldado J. Monteiro.
Aquele trecho da Rua Augusto de Mari, esquina com a Rua Assis Figueiredo, é ponto de comércio e uso de entorpecentes. Segundo a polícia, quando a presença da viatura é percebida, todos que se agrupam no beco fogem e se escondem nos "mocós" da região. "Tem desde morador de rua a gente de classe média ou alta que vêm aqui comprar crack ou maconha", contou o soldado.