Quando conversava com o namorado, em frente à sua casa, na Rua Ângelo Gai, Umbará, a diarista Marilis Gai, 25 anos, foi assassinada com um tiro certeiro no coração, às 21h12 de segunda-feira. Os criminosos, provavelmente dois menores, fugiram levando o Omega placa GQF-0030, que foi abandonando em Fazenda Rio Grande, após os marginais trocarem tiros com a Polícia Militar e colidirem o veículo. Dois menores chegaram a ser detidos pelos PMs, mas foram liberados.
Marilis namorava Gilson há aproximadamente sete anos. Na noite de segunda-feira, o rapaz tinha combinado jogar futebol com os amigos, mas antes passou na casa dela. Ele sempre entrava na residência, porém como pretendia ficar pouco tempo, a jovem saiu e ficou agachada ao lado da porta do motorista, que estava aberta. De repente, uma Kombi branca, com os vidros pintados da mesma cor, parou a poucos metros de onde estava o casal. Dois indivíduos, aparentando ser menores de idade, sendo que um deles trajava bermuda amarela, dirigiram-se até o Omega. Através do vidro da porta do passageiro, eles anunciaram o assalto e exigiram que o rapaz descesse e entregasse o carro, apontando uma espingarda cano curto, calibre 12, para Gilson, que não reagiu. Assistindo a cena, Marilis se levantou para se afastar. Talvez para que o namorado pudesse desembarcar. Provavelmente um dos bandidos assustou-se e efetuou um único disparo. O tiro passou entre Gilson e o volante do Omega, acertando Marilis. Mesmo assim, os assaltantes embarcaram no carro e deixaram o local em alta velocidade. Desesperado, Gilson ainda correu atrás, na tentativa de deter os marginais.
Tiros
Pouco depois, policiais militares cruzaram com o Omega em Fazenda Rio Grande. Quando viram os policiais, os marginais tentaram escapar e dispararam contra os PMs, que revidaram. Na fuga, os bandidos bateram o carro e continuaram a pé. Dois adolescentes que estavam próximos ao Omega foram detidos, mas liberados em seguida.
O delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, informou que policiais da especializada estiveram no local, mas como foi constatado que os ladrões queriam levar o carro da vítima, o caso será investigado pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. “Mesmo assim, vamos ajudar nas investigações”, assegurou Recalcatti. Devido à localização do carro, a polícia acredita que os criminosos morem em Fazenda Rio Grande. Ontem, policiais civis buscavam o endereço dos menores detidos, para submetê-los a reconhecimento.
Revolta
Familiares da vítima ficaram revoltados com a morte de Marilis e com a demora dos órgãos competentes para tirar o corpo do local. “Minha prima ficou estendida no chão das 21h até a 1h. Se fosse filha de gente importante não ficaria”, reclamou Sandra Gai. “O Umbará está à mercê da violência. Aqui não existe segurança. Está tudo abandonado”, comentou.
Moradores pedem segurança para o Umbará
Faixas com frases de revolta foram penduradas pelas ruas do Umbará, pedindo mais policiamento e segurança aos governantes. O protesto, que reuniu cerca de 50 pessoas, foi feito pela morte da diarista Marilis Gai, 25 anos, assassinada durante um assalto na noite de segunda-feira. Revoltados, populares queimaram pneus e paralisaram o trânsito na Rua Nicola Pelanda, próximo ao cruzamento com a Rua Estanislau Sentenko, na manhã de ontem.
Nas faixas e nas palavras de ordem, os moradores exigiam mais policiamento e o fim da violência. “Cadê a Patrulha Povo?”, “Cadê a nossa polícia?”, indagavam. “Cidadão desarmado, bandido armado”, dizia outra faixa, contestando a nova lei do desarmamento.
Crimes
O mecânico Roberto Ribas denunciou que, durante toda a semana, os bandidos atacaram a região. “Eles arrombaram casas, levaram toca-Cds dos carros e agora mataram esta jovem”, lamentou. O comerciante Sidnei Vettorazzi, dono de um restaurante na Rua Nicola Pelanda, salientou que falta policiamento na região. Os bandidos já atacaram seu estabelecimento várias vezes. Em uma delas, pegaram sua filha de 9 anos como refém. A menina brincava em frente ao restaurante e foi levada para dentro com uma pistola 380 apontada contra a cabeça. Os marginais também fizeram um bebê de nove meses como refém. Não satisfeitos em roubar somente o dinheiro, dispararam várias vezes, assustando ainda mais as crianças e adultos que estavam no local. “As marcas das balas ainda estão nas mesas”, lembrou Sidnei.
A professora Sônia Ribas pede aos governantes mais atenção na área de segurança e mais policiamento. “O mercado já foi assaltado várias vezes. Viramos reféns dos bandidos. Precisamos de paz”, enfatizou.